Nos limites do autismo : a clínica dos transtornos de subjetivação arcaica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Giaretta, Vanessa
Orientador(a): Silva, Milena da Rosa
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/187421
Resumo: O atual modelo de autismo, proposto pelo DSM-5, contempla inúmeras pluralidades de aspectos clínicos (APA, 2013). No entanto, tenho observado que essas diversas configurações de “autismo” necessitam de diferentes intervenções e apresentam prognósticos distintos. Em minha experiência clínica, é comum alguns pacientes apresentarem um conjunto sintomatológico impreciso, os quais podem ser entendidos como estando na fronteira desse diagnóstico. Nessa direção, lanço mão do conceito do Transtorno de Subjetivação Arcaica, proposto pelo psicanalista uruguaio Victor Guerra, como um entendimento para esses quadros que tangenciam os limiares do transtorno do espectro autista, evidenciando a potência que essa postura pode ter para a evolução dos pacientes. Na experiência de Guerra (2016), alguns desses casos revelam crianças com sintomas ambíguos, em que a capacidade simbólica está inoperante, mas apresentam, em contrapartida, algumas condições de interação que diferem dos casos típicos do autismo. Para ele, essas apresentações são mais condizentes com aspectos depressivos do bebê, que levam a um evitamento relacional, talvez em decorrência de um aparato constitucional hipersensível, e por dificuldades do ambiente em lidar com essa sensibilidade. O bebê, nesses casos, encontra uma subjetivação falida, em razão de uma disritmia que se instala no encontro com o adulto cuidador, levando a dificuldades nos processos de simbolização. A partir de dois casos clínicos, busco nesta dissertação compreender como a utilização da hipótese de Transtorno de Subjetivação Arcaica pode operar no tratamento dessas crianças. Metodologicamente, essa se trata de uma pesquisa psicanalítica, a qual, de acordo com Figueiredo (2004), visa compartilhar as implicações que um saber singular e maleável pode ter sobre o advento de um novo. Parto das concepções de Ferrari (2011), que sustenta que ao utilizarmos o relato clínico como método de pesquisa em psicanálise, deve se considerar que a escrita do caso não corresponde à verdade dos acontecimentos, carregando consigo um caráter de ficção. A partir de tais premissas, reconstruo os casos de Ângelo e Lion, sob uma perspectiva que ilustra o trabalho com esses pacientes, discutindo as possibilidades terapêuticas pela via de compreensão da clínica dos transtornos de subjetivação arcaica. As descrições dos casos são intercaladas pela teoria psicanalítica, especialmente no que tange às intervenções orientadas pela intersubjetividade. Aponto que o Transtorno de Subjetivação Arcaica pode ser interessante para pensar casos que estão nas bordas do diagnóstico de autismo, permitindo uma saída ética de maior esperança diante da dificuldade de encontrar limites para o TEA. Sua potência está em iluminar leituras e caminhos clínicos, abrindo passagem para outros possíveis entendimentos, intervenções e prognósticos.