Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
Zarur, Eduarda Bonelli [UNIFESP] |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de São Paulo
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://hdl.handle.net/11600/70916
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Resumo: |
Introdução. A arterite de Takayasu (AT) é uma vasculite sistêmica que afeta artérias de grande calibre, especialmente a aorta e seus ramos principais. Eventos isquêmicos, especialmente envolvendo o sistema nervoso central, são complicações relativamente frequentes da AT e trazem impacto ao prognóstico. Pacientes com AT apresentam concentrações plasmáticas de homocisteína mais elevadas em relação a controles e, entre pacientes com AT, elevação da concentração plasmática de homocisteína parece representar um fator de risco independente para eventos arteriais isquêmicos. Objetivos. Comparar a frequência de polimorfismos de nucleotídeo único (SNP) em genes da via de metabolismo da homocisteína entre pacientes com AT e controles e avaliar suas associações com a concentração de homocisteína, extensão de acometimento arterial e eventos isquêmicos agudos na AT. Métodos. Foi realizado um estudo transversal, onde foram incluídos pacientes com AT e controles. Tempo desde o diagnóstico de AT, tratamento medicamentoso, extensão de doença e dados laboratoriais foram avaliados em pacientes com AT, enquanto fatores de risco para hiperhomocisteinemia (HHcy), histórico de eventos arteriais isquêmicos agudos foram avaliados em ambos os grupos. Foram pesquisados os seguintes SNP nos genes das enzimas metilenotetrahidrofolato redutase (MTHFR) (C667T e A1298C), metionina sintase redutase (MTRR) (A66G), metionina sintetase (MTR) (A2756G) e do carreador reduzido do folato (RFC-1) (G80A) por sequenciamento genético de Sanger e realizada a dosagem de homocisteína pelo método de cromatografia líquida de alta performance, em ambos os grupos. Resultados. Foram incluídos 73 pacientes com AT e 71 controles no estudo, com média de idade semelhantes (p > 0,05). Pacientes com AT apresentaram maior frequência de fatores de risco para HHcy em comparação a controles: obesidade, sedentarismo, hipertensão arterial sistêmica (HAS), uso de inibidor de bomba de prótons e de metotrexato (p < 0,05). Eventos isquêmicos arteriais agudos foram observados em 32,9% dos pacientes com AT. Não houve diferenças significantes entre pacientes com AT e controles quanto à frequência dos SNP dos genes pesquisados (p > 0,05). A concentração de homocisteína foi mais elevada nos pacientes com AT em comparação a controles (13,85 ± 5,61 µmol/L vs. 8,61 ± 4,00 µmol/L; p < 0,0001). Pacientes com o polimorfismo MTHFRC677T em homozigose apresentavam uma maior concentração de homocisteína em comparação aos em heterozigose (20,4± 7,8 µmol/L vs. 13,0±4,7 µmol/L) e aos em homozigose para o alelo selvagem (13,7±5,2 µmol/L, p = 0,024 e p = 0,009), enquanto nos controles não houve diferença (p = 0,989). Não foram observadas associações entres os SNP ou a concentração de homocisteína com eventos isquêmicos agudos nos pacientes com AT, e pacientes em remissão apresentaram tendência a maiores níveis de homocisteína (11,53 ± 5,28 µmol/L vs. 14,62 ± 5,59 µmol/L; p = 0,054). Houve uma correlação negativa moderada entre função renal e tempo de doença (rho = -0,432 p <0,0001) e correlação fraca entre idade e concentração de homocisteína nos pacientes (rho = 0,242; p = 0,043). Finalmente, a AT foi um fator de risco independente para HHcy [Odds ratio (OR) = 10,2; 95% intervalo de confiança (IC): 4,162-25,002; p < 0,0001] e, entre pacientes com AT, HAS foi um fator de risco independente para HHcy (OR = 4,591; 95% IC 1,046-20,153; p = 0,043). Conclusões. A HHCy já descrita em pacientes com AT foi confirmada nesse estudo, mas não se deve à maior frequência de SNP de genes que codificam enzimas do metabolismo da homocisteína e não houve relação entre homocisteína e eventos isquêmicos agudos. A AT foi associada de forma independente a maior risco de HHcy e, entre pacientes, a HAS foi associada de forma independente. A HHcy em AT não se deve a fatores genéticos e pode estar associada a inflamação crônica e HAS. Mais estudos são necessários para destrinchar a patogênese da HHcy em AT e para avaliar possível benefício de medidas redutoras de homocisteína e uma possível aplicabilidade da HHcy como biomarcador de risco cardiovascular na AT. |