O agir dos profissionais de saúde em um hospital urgência emergência (hue): multiplos arranjos multiprofissionais de cuidado

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Cruz, Nelma Lourenço de Matos [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/66207
Resumo: Objetivos: Analisar a atuação dos profissionais em seu trabalho em equipes multiprofissionais para a produção do cuidado num hospital de urgência emergência – seus desenhos e suas dinâmicas de trabalho, suas relações e seus entornos. Método: Pesquisa de caráter qualitativo, tipo estudo de caso. Usou a cartografia a partir da observação participante de um arranjo de gestão do cuidado – o Kanban – com produção de diários de campo por meio dos quais foram descritos os fenômenos, processos, ambientes físicos e sociais dos cotidianos das equipes do Hospital de Urgência e Emergência (HUE). Estes são os acontecimentos que guiaram os movimentos em campo sem perder o foco da pesquisa. Resultados: No HUE, existiam diferentes desenhos e dinâmicas de equipes multiprofissionais, com distintos agires no cuidado à saúde: não só a multiprofissionalidade e a interprofissionalidade estavam presentes, mas também a multidisciplinaridade e a interdisciplinaridade. Os membros de uma equipe mostraram que influenciam os desenhos, as dinâmicas e as ações das equipes; a relação de poder analisada a partir da composição de campo de forças era plástica e movente entres seus membros a depender do local onde aconteciam; a gestão se mostrou presença marcante nas equipes, pareceu ter um olhar “panóptico”; os membros das equipes se protegiam e protegiam a equipe; os conflitos entre os membros das equipes se fizeram presentes; o trabalho do entorno se mostrou importante na configuração do HUE e nos agires das equipes; os funcionários demonstraram satisfação e um grande sentimento de pertencimento. Convivem no hospital estudado forças instituídas – como a divisão técnica e social do trabalho em saúde e a instituição médica – que parecem manter uma organização bastante tradicional, pois há relações de autoridade e de controle estabelecidas – o que sabidamente pode dificultar a produção de um plano comum de ação, necessário para produção de um processos interprofissionais e interdisciplinares e a produção de um cuidado mais integral e equânime. Também há forças instituintes que agem. A própria manutenção dos arranjos de gestão do cuidado, pela forte adesão dos trabalhadores a elas; os instrumentos de avaliação e de monitoramento profissionais individuais compartilhados com todos via Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP); a ação profissional independentemente da demanda médica; as dinâmicas distintas das reuniões são exemplos dessas forças. Conclusão: O trabalho em equipe multiprofissional, na complexidade inerente à produção de um plano comum de cuidado, a partir de um processo de interprofissionalidade, com maior ou menor grau de interdisciplinaridade, que acontece de formas distintas e não lineares, aumentando ou diminuindo sua potência. O campo das relações interage com o projeto institucional. Há uma composição a ser permanentemente analisada para sair do plano do conteúdo – da necessidade do trabalho em equipe – e dar visibilidade à expressão desse trabalho em suas múltiplas possibilidades. Os profissionais da saúde agem não apenas operando seus núcleos profissionais, mas, sobretudo, na produção de relações de afeto e de poder. Nem sempre submissos, nem sempre protagonistas, cumprem papéis diferentes nas relações, se calam, se expressam, afetam e são afetados.