Estudo clínico sobre eficácia, segurança e mecanismos de ação do microagulhamento e ácido tranexâmico oral no tratamento do melasma facial

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Cassiano, Daniel Pinho
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11600/62089
Resumo: FUNDAMENTOS: Melasma é uma hipermelanose crônica e adquirida. Acomete, preferencialmente, mulheres adultas. As lesões ocorrem nas áreas fotoexpostas, especialmente na face. Até o momento, nenhum dos tratamentos disponíveis têm eficácia elevada ou promove resultados sustentados. Não se conhecem as particularidades histológicas promovidas por diferentes tratamentos. A dermatoscopia do melasma ainda é pouco explorada. OBJETIVOS: (1) Avaliar as alterações clínicas e histológicas precoces após uma sessão isolada de microagulhamento (projeto piloto); (2) Avaliar a eficácia e segurança do tratamento padrão (filtro solar tonalizado e fórmula tripla) combinado ou não a duas sessões de microagulhamento (agulhas de 1,5 mm) e ao uso do ácido tranexâmico oral (250mg duas vezes ao dia por 60 dias) no tratamento do melasma; (3) Avaliar as alterações histológicas promovidas pelos tratamentos anteriores; (4) Descrever a frequência das estruturas dermatoscópicas do melasma e a relação dessas estruturas com aspectos clínicos. MÉTODOS: Projeto piloto: Ensaio clínico não aleatorizado, controlado e avaliador cego, que incluiu 20 mulheres com melasma facial. Na primeira visita e depois de sete dias (D7) as participantes foram fotografadas de forma padronizada, preencheram questionário de qualidade de vida (Melasma Quality of Life Scale for Brazilian Portuguese Language – MELASQol-BP) e realizaram colorimetria do melasma. As dez primeiras se submeteram a uma biópsia de pele na área com melasma, seguida de uma sessão de microagulhamento. No D7, uma segunda biópsia foi realizada nesse grupo a 1 cm de distância da primeira. Todas as participantes receberam filtro solar tonalizado para seu uso diário durante semana. As amostras foram coradas para ácido periódico de Schiff, Fontana-Masson e Herovici e imunomarcadas com Ki67. Um avaliador independente e cego analisou as fotografias para cálculo do mMASI (modified Melasma Area and Severity Index – mMASI) e as lâminas histológicas. Eventos adversos foram avaliados. Estudo clínico: Ensaio clínico fatorial, aleatorizado, controlado com placebo e com avaliação cega por observadores independentes, incluindo 64 mulheres com melasma facial. As participantes foram alocadas, aleatoriamente em quatro grupos: grupo controle, que recebeu o tratamento padrão; grupo microagulhamento, que recebeu o tratamento padrão, duas sessões de microagulhamento (na inclusão e depois de 30 dias) e placebo oral; grupo tranexâmico, que recebeu o tratamento padrão e 250mg de ácido tranexâmico de 12/12h por 60 dias; grupo microagulhamento e tranexâmico, que recebeu o tratamento padrão e ácido tranexâmico oral e realizou microagulhamento. A partir de 60, dias as 64 participantes mantiveram apenas o tratamento padrão. Em todas as visitas, foram realizadas fotos padronizadas, MELASQol-BP e colorimetria do melasma e perilesional. Três avaliadores cegos analisaram, consensualmente, as fotos para cálculo do mMASI. Na primeira visita e após 60 dias, foi realizada biópsia da área com melasma para as colorações: Hematoxilina-Eosina, ácido periódico de Schiff, azul de toluidina, Fontana-Masson e imunomarcação: Vascular Endothelial Growth factor, CD34, Stem Cell Factor (SCF), Keratinocyte Growth Factor (KGF), Melan-A. Eventos adversos foram avaliados. Dermatoscopia: A partir das fotos dermatoscópicas de imersão do melasma, tiradas na primeira visita do estudo clínico, foram identificadas estruturas distintas da pseudo-rede pigmentar da face. Cada foto foi dividida em quatro quadrantes, e as estruturas eram identificada no quadrante quando presentes, resultando em sua frequência (0, 1, 2, 3 ou 4). Os achados dermatoscópicos do melasma foram relacionados com parâmetros clínicos de gravidade e colorimetria. RESULTADOS: Projeto piloto: Os grupos eram homogêneos quanto aos aspectos clínicos e demográficos. Houve redução do mMASI e da luminosidade na colorimetria, apenas no grupo microagulhamento. A melhora da qualidade de vida foi detectada apenas neste grupo. O microagulhamento diminuiu a quantidade de melanina epidérmica, promoveu discreta hiperplasia da epiderme, aumentou a marcação do Ki67 e o conteúdo da matriz extracelular e proliferação de fibroblastos na derme superior. Não foram identificados efeitos adversos. Estudo clínico: Os grupos eram homogêneos quanto aos aspectos clínicos e demográficos. Houve redução do mMASI, MELASQoL-BP e colorimetria em todos os grupos. Houve maior clareamento nos grupos que realizaram as intervenções. Os grupos que realizaram microagulhamento apresentaram melhora mais significativa da qualidade de vida e menor recidiva no seguimento pós-intervenção. Quanto aos achados histológicos, houve redução global da densidade de melanina na epiderme com todos os tratamentos. Não houve alteração da melanina dérmica. A redução do número de melanócitos em pêndulo foi mais evidente no grupo microagulhamento e tranexâmico; a redução de zonas de membrana basal não íntegra e da elastose solar foram mais expressivas nos grupos que realizaram microagulhamento; o aumento da espessura da epiderme foi mais proeminente no grupo tranexâmico; e o aumento da marcação de SCF e VEGF, no grupo microagulhamento. Não houve diferença nos mastócitos e na imunomarcação do CD34 e KGF. Uma paciente descontinuou o ácido tranexâmico devido à dor de cabeça persistente. Outros efeitos adversos da medicação foram: dor abdominal, queda de cabelo e turvação visual. Três casos de herpes simples ocorreram após o microagulhamento. Dermatoscopia: Estruturas pigmentadas, perifoliculares, vasculares e relacionadas à queratinização foram identificadas. Telangiectasias foram associadas ao mMASI menor e ao melasma menos contrastante. Pigmentação azul acinzentada perifolicular foi associada à pigmentação mais clara e ao melasma menos contrastante. Arco marrom perifolicular foi associado a pigmentação mais escura. E granulosidade azul acinzentada perifolicular foi associada ao melasma menos contrastante. CONCLUSÕES: O microagulhamento e o ácido tranexâmico oral são seguros e adicionam benefício ao tratamento padrão do melasma facial. Os tratamentos promoveram alterações histológicas epidérmicas e dérmicas distintas, que contribuem para a compreensão dos mecanismos de clareamento do melasma. O melasma apresenta achados dermatoscópicos distintos que estão relacionados com parâmetros clinimétricos.