Entre o sagrado e o profano: experiências de cuidado de pessoas que vivem com condição crônica de saúde

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Barros, Luciana Soares de [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11600/62280
Resumo: Objetivo: Reconhecer o cuidado indo além da assistência à saúde, dando visibilidade às fricções e conexões entre o cuidado biomédico, que geralmente ocorre de forma mais marcada por dentro das paredes do hospital – como um “espaço sagrado” – e o cuidado de si – como “espaço profano”, mais múltiplo, mais difuso e mais complexo, que se acentua, principalmente, depois da alta hospitalar. Método: trata-se de uma pesquisa qualitativa, produzida em duas etapas: a primeira realizada em um Hospital de Urgência-Emergência (HUE) na região do Grande ABC, a partir da observação participante durante dez meses, com uso de diário de bordo para registro das dimensões micropolíticas do relacionamento entre usuários, acompanhantes e equipe. Na segunda etapa foram produzidas narrativas das Histórias da Vida de pessoas com condições crônicas que passaram por internação neste HUE. Os encontros ocorreram em locais escolhidos por elas e tiveram a intenção de compreender a sua experiência de cuidado durante, mas principalmente após a internação hospitalar. Resultados e discussão: o material empírico possibilitou colocar em discussão o cuidado, dando visibilidade às múltiplas dimensões da gestão do cuidado em saúde; o quanto ainda são operantes os protocolos disfarçados de cuidado, como acontece nos espaços hospitalares (o templo do sagrado), mas não só neles, pois esta lógica está instituída nos diferentes serviços e atores da instituição saúde; o quanto os usuários não são entidades fixas, pelo contrário, são coemergentes, inventam de forma contínua modos de existência, de cuidar e de ser cuidado, e com isto, a construção de mapas de cuidado pelo método da bricolagem, orientados por suas experiências, pelo seu agir autopoético. Conclusão: Muito mais do que tratar e monitorar a condição crônica, é preciso cuidar da, para e na vida; cuidar do sofrimento que esta condição pode impor. Um cuidado agenciado micropoliticamente, que aposte nos encontros que tenham a capacidade de escutar o outro para ampliar a potência de agir destes usuários, em busca de saídas que favoreçam o fluir da vida de forma múltipla e ao mesmo tempo singular. Uma aposta na ressurgência do cuidado como produção do comum, como uma reapropriação criativa dos fazeres e saberes e que foram, em grande parte, expropriados pelo saber biomédico e pela própria saúde coletiva, particularmente, em sua vertente preventivista.