Percepção dos indivíduos com transtornos mentais sobre o estigma social que recebem

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Silva, Talita Cristina Marques Franco [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=5070666
http://repositorio.unifesp.br/handle/11600/50485
Resumo: O preconceito e estigma direcionados aos indivíduos com transtornos mentais trazem sérios prejuízos e agravos para suas vidas. Esta pesquisa teve por objetivos analisar a percepção destes indivíduos sobre o preconceito que os vitimaram, analisar os fatores que levam a sociedade a tais práticas, identificar o sofrimento psíquico gerado pelo preconceito, bem como a forma como estes indivíduos enfrentaram o preconceito e estigma. Esta pesquisa foi realizada no município de Álvares Machado/SP, na única Unidade Básica de Saúde a realizar atendimento psiquiátrico. Foram entrevistados vinte e um participantes, sendo dezenove mulheres e dois homens, que estavam na faixa etária de dezoito a setenta anos de idade, todos em processos de tratamento. A pesquisa utilizou a abordagem qualitativa e foi utilizado um questionário semiestruturado, com questões norteadoras para avaliação da percepção dos participantes. A análise dos dados foi feita com base no referencial metodológico de análise do conteúdo. A pesquisa foi autorizada pelo Secretário Municipal de Saúde de Álvares Machado e pelo Comitê Permanente de Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos (CEP) da Universidade. Ficou constatado que falta de conhecimento sobre o transtorno mental é a principal causa para o preconceito, advindo do meio social, profissional, religioso, familiar e até mesmo dos profissionais responsáveis pelo tratamento, fato que prejudica o processo do quadro psicopatológico, fazendo com que estes indivíduos se sintam inferiores, incapazes e envergonhados de si mesmos, culminando tudo isto com a exclusão. Os dados apontam também para o sofrimento da família, devido a falta de recursos materiais ou de preparo para conviverem com o familiar acometido de transtorno mental, mas por outro lado, mostrou que o apoio familiar a alguns dos indivíduos não faltou. Todos os participantes enfrentaram a situação na esperança de alivio do sofrimento, às vezes este enfrentamento se deu pelo isolamento, trabalhos artesanais, passeios e frequência em ambientes religiosos. O sofrimento causado pelo preconceito familiar, social, religioso, escolar, profissional e no ambiente de tratamento associados a problemática causada pelas internações e exclusão social interferiram no tratamento e agravaram o quadro psicopatológico. A sociedade com seu modo preconceituoso, isola os indivíduos com transtornos mentais, impedindo-os de exercerem seus direitos básicos de cidadãos e tem a visão de que são antissociais, violentos e perigosos, tal como eram vistos há séculos atrás. As mudanças advindas da Reforma Psiquiátrica no Brasil ainda não surtiram os efeitos desejados, especificamente quanto à mudança de mentalidades sobre a loucura e o louco no contexto social. A pesquisa comprovou que o preconceito e estigma direcionados aos indivíduos com transtornos mentais é realidade a causar mais sofrimento a estes indivíduos.