Possibilidades e desafios no processo de transposição didática: interfaces possíveis entre a concepções de professores e a ciência brasileira

• Ano de defesa: 2024
• Autor(a) principal: Silva, Anderson Ricardo Júnior da Rocha [UNIFESP]
• Tipo de documento: Dissertação
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
• Palavras-chave em Português: Transposição didática; Ciência brasileira; Cientistas brasileiros; Ensino de Ciências; Modelo KVP
• Link de acesso: https://hdl.handle.net/11600/70919

Este trabalho tem como objetivo investigar as possibilidades e desafios da teoria da transposição didática de Yves Chevallard, a partir da concepção de professores, tendo como referência a pesquisa científica nacional. O público-alvo foram professores e professoras da educação básica que participaram de um curso de extensão denominado de “Ciência e cientistas brasileiros na escola”. A estratégia metodológica visou reunir os sujeitos da pesquisa e investigar, com eles, que elementos constituem-se como possibilidades ou desafios da possível aproximação entre a pesquisa científica brasileira e a sala de aula, com vistas não somente a contribuir com a valorização da pesquisa cientifica nacional, mas também o de subsidiar o desenvolvimento de estratégias pedagógicas “comprometidas com uma mudança da percepção pública da ciência e do trabalho científico” entre os jovens brasileiros. Para o alcance dos objetivos pretendidos foram utilizados quatro instrumentos de coleta de dados: observação participante, aplicação de questionário, propostas didáticas produzidas no curso de extensão e as interações dos participantes no mural virtual Padlet. Os dados foram analisados por meio da análise de conteúdo de Bardin (1997) e foram organizados em três categorias: conhecimentos, valores e práticas sociais que, analisadas em conjunto, puderam caracterizar as concepções dos professores(as) que participaram da estudo sobre os temas da pesquisa. Os temas mais relevantes na categoria práticas sociais (P) dizem respeito a uma formação cientificamente consistente através do desenvolvimento de uma imagem adequada da ciência e do trabalho científico subsidiada pelo do trabalho docente. Na categoria valores (V) o respeito a individualidade dos estudantes e uma postura intelectual crítica aparecem como valores norteadores na atuação profissional dos(as) professores(as). Na categoria conhecimento (C), sobre a ciência brasileira, os temas mais relevantes são aqueles referentes a sua utilização como estratégia de sensibilização, bem como sua capacidade de conversão em atividades e tarefas, aspecto definidor na utilização ou não deste conhecimento pelos(as) professores(as) em sala de aula. Os resultados indicam que as concepções dos(as) professores(as) é balizada pelo respeito a valores considerados fundamentais no processo de ensino e aprendizagem, tais como o respeito à subjetividade dos estudantes, uma abordagem humanizada e contextualizada do conhecimento científico, construída por meio de uma postura intelectual crítica e atenta as repercussões que os obstáculos sociais podem produzir no processo de ensino e aprendizagem. No que diz respeito a ciência brasileira, as concepções dos professores(as) convergem no sentido de compreendê-la, sobretudo, como um meio de promover o interesse e entusiasmar os estudantes por meio da sensibilização. Sem desconsiderar o potencial estabelecimento de um diálogo com a subjetividade dos alunos, acreditamos que a utilização da ciência brasileira em sala de aula pode ser uma estratégia capaz de, ao caracterizar adequadamente a natureza da ciência e aproximá-la dos estudantes brasileiros(as).