A potência do incômodo como possibilidade: a construção da subjetividade negra para mulheres negras de pele clara

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Ferreira, Carolina Cristal [UNIFESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11600/71309
Resumo: Buscando responder quais aspectos subjetivos e afetivos perpassam a vida de mulheres negras de pele clara e também descrever o que surge no campo da psique que pode impactar as saúdes dessa população, a presente dissertação realizou uma etnografia em um grupo de mulheres que se autodeclaram negras de pele clara. A dissertação investiga quais as implicações de ser negra da pele clara: o reconhecimento de sua identidade (descobrir-se negra); Verifica a possibilidade de existir formas de vivenciar o racismo particularmente experienciadas pelas interlocutoras posicionadas em suas identidades negras de pele clara; Descreve as relações que as interlocutoras estabelecem com sua ancestralidade negra e não-negra; Reflete sobre a relevância do fato de mulheres negras da pele clara posicionarem sua identidade como negra para a construção de suas identidades raciais bem como para uma sociedade racialmente igualitária. A dissertação apresenta como resultado principal a noção de furto subjetivo descrito pelas interlocutoras, pois mulheres negras de pele clara não se sabiam negras durante parte de suas vidas por conta da introjeção do mito do negro, que atrela símbolos negativos a negritude e faz com que a sujeita negra queira se embranquecer e negar sua negritude, processo esse que não gera nenhum benefício, ao contrário, gera uma alienação de si, paralisia diante de situações de violência racial, dificuldade de afirmar a negritude e sensação de ser impostora e todos estes prejuízos podem impactar suas saúdes física e psíquica. Além disso, a dissertação mostrou aspectos que se destacaram no campo: a sexualização desses corpos como consequência do racismo e a família inter-racial como um espaço que reproduz a alienação de si. Por fim, aponta para a consciência racial e o aquilombamento como caminhos para o desvio de violências raciais, o fortalecimento de subjetividades e consequentemente de suas saúdes e para a inclusão na organização política.