Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
Souza, Letícia Benedito de
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Orientador(a): |
Melo, Rosane Braga de
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Banca de defesa: |
Melo, Rosane Braga de
,
Uhr, Deborah
,
Nicolau, Roseane Freitas
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Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Psicologia
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Departamento: |
Instituto de Educação
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/20176
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Resumo: |
O objetivo deste trabalho foi analisar a história do diagnóstico do autismo e sua relação com o diagnóstico da Deficiência Intelectual. Por meio de uma análise histórica, buscamos compreender como essa história influenciou a compreensão atual do autismo. Para entender o surgimento da psiquiatria infantil, é necessário considerar a história da psiquiatria anterior, pois isso nos permite compreender o papel que a criança ocupava no campo psiquiátrico naquela época. Naquela época, era reconhecido que uma criança poderia ser diagnosticada com "idiotia", enquanto a loucura era associada aos adultos. Kanner e Asperger incluíram o quadro do autismo na esquizofrenia, e indicavam as diferenças entre um quadro e outro pelo tempo do surgimento dos sintomas. O autismo e o diagnóstico de psicose infantil foram marcados pela forte influência da psicanálise desenvolvimentista no discurso da psiquiatria. Tais influências marcam a história do autismo dentro das versões iniciais do DSM, mas sobretudo nas versões IV e V os déficits serão ressaltados como persistentes para a caracterização do Transtorno do Espectro Autista. O Manual destaca proximidade com a deficiência intelectual e a dificuldade de se realizar um diagnóstico diferencial no início da infância. A ideia de que o quadro do autismo inclui uma deficiência intelectual, com acento na relação do quadro do autismo com um rol de déficits cognitivos, pode ser verificada nos artigos sobre esta temática. Os artigos refletem ainda as polêmicas que cercam o cenário político atual no campo do autismo: a tentativa de um domínio do discurso médico sobre o autismo e, por consequência, uma desqualificação de outros discursos como o discurso pedagógico, e uma tendência do meio pedagógico ir em direção à lógica médico-psicológica; o papel dos familiares no trabalho com os autistas e mesmo o protagonismo que algumas associações de pais estão tendo na sugestão de algumas políticas públicas; os embates e divergências pelas partes interessadas no processo de formulação de políticas públicas; a reivindicação de que para fomentar políticas públicas e melhorias no campo da assistência torna-se urgente e necessário para que os equipamentos de saúde mental produzam dados qualificados sobre as estratégias para o tratamento dos autistas. Constatamos, então, as aproximações no manual dos DSM 5 entre os diagnósticos de Deficiência Intelectual com o quadro designado atualmente como TEA, sobretudo nos apontamentos das comorbidades e nos itens sobre os diagnósticos diferenciais. Apesar de haver outros modelos para a compreensão do autismo, o modelo que parece ter maior divulgação é o modelo cognitivista, desenvolvimentista, que por sua vez enfatiza um conjunto de déficits. Conclui-se que nem a passagem do tempo nem as mudanças sociais foram capazes de alterar a relação entre a educação e os discursos patologizantes sobre a infância, de tal modo que os discursos psiquiátricos atuais ainda mantêm a aproximação entre o adoecimento mental das crianças e o campo educacional. Temos indicações da prevalência da ideia de que se a criança adoece é porque ela não está educada. |