Resumo: |
Com o objetivo de conhecer a fauna flebotomínica do município de Sumidouro, estado do Rio de Janeiro, Brasil, foram realizadas capturas, em 2009 e 2010, na caverna, no entorno e na mata existente na região, considerando o registro de um caso de leishmaniose tegumentar americana em 2007. Em janeiro de 2011, fortes chuvas se abateram sobre o município de Sumidouro e causaram forte impacto ambiental pelos deslizamentos e erosões. Em função disso, coletas de flebotomíneos foram feitas, em 2015 e 2016, no mesmo local e com metodologia idêntica a utilizada em 2009 e 2010, objetivando correlacionar com a fauna flebotomínica anterior. Para análise, da relação dos índices climáticos com as três espécies mais frequentes, foi feita uma regressão de Poisson. Avaliou-se as diferenças entre os resultados dos Standartized Index of Species Abundance (SISA) aplicando-se análise de variância (ANOVA). Em 2009 e 2010, foram capturados 1.756 flebotomíneos pertencentes a 13 espécies, sendo 10 do gênero Lutzomyia: L. gasparviannai Martins, Godoy & Silva, 1962, L. edwardsi (Mangabeira, 1946), L. tupynambai (Mangabeira, 1942), L. hirsuta hirsuta (Mangabeira, 1942), L. whitmani (Antunes & Coutinho, 1939), L. davisi (Root, 1934), L. migonei (França, 1920), L. microps (Mangabeira, 1942), L. cortelezzii (Brethés, 1923), L. quinquefer (Dyar, 1929) e duas do gênero Brumptomyia: B. brumpti (Larrouse, 1920), B. guimaraesi (Coutinho & Barreto, 1941). A espécie L. gasparviannai foi predominante em todos os sítios de coleta, com frequência mais significativa, entre as espécies capturadas, na mata. Em 2015 e 2016, foram capturados 2.323 flebotomíneos sendo 8 espécies do gênero Lutzomyia: L. gasparviannai, L. edwardsi, L. tupynambai, L. hirsuta, L. whitmani, L. migonei, L. intermedia, L. sp. e uma espécies do gênero Brumptomyia: B. brumpti. A pesquisa realizada em 2015/2016 confirma a maior prevalência de L. gasparviannai, porém com uma diferença absoluta acentuada, comparando as capturas realizadas em 2009/2010. Essa espécie também predominou nas coletas feitas nos três ambientes. A diversidade da fauna foi menor do que em 2009/2010, com 8 espécies coletadas. Os números de espécimes cresceram e de flebotomíneos de importância médica, L. whitmani, L. migonei, L. hirsuta hirsuta e L. davisi foram mais abundantes, com 65 exemplares capturados em 2009/2010. Por sua vez, em 2015/2016, 38 exemplares foram capturados dessas 4 espécies. Relatou-se o encontro de L. edwardsi infectado com nematódeos, coletados em 2009 e 2010, e cinco anos depois, foi encontrada L. gasparviannai infectada com Wuchereria bancrofti, todas as espécies coletadas na caverna. Os resultados mostraram que a umidade relativa do ar apresentou diferenças significativas (p < 0,01) para a abundância das três espécies mais prevalentes: L. gasparviannai, L. edwardsi e L. tupynambai. Em relação a temperatura, somente L. tupynambai apresentou diferença significativa para abundância, dentre essas três espécies. Nas coletas realizadas na caverna e na mata remanescente ocorreram diferenças significativas na frequência dessas três principais espécies. Quando comparado o entorno e a mata e os períodos de 2009 e 2010 com 2015 e 2016, as espécies L. edwardsi e L. tupynambai apresentaram diferenças significativas em suas frequências entre os ambientes estudados e as coletas realizadas. A análise de variância, constatou que houve diferenças significativas entre os valores dos SISA de L. gasparviannai, L. edwardsi e L. tupynambai (p - valor = 0,004). |
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