Manejo da palhada da cana-de-açúcar na região sul e sudeste brasileira: quantidade necessária para a manutenção da qualidade do solo e produtividade agrícola

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Rangel, Iara Maria Lopes lattes
Orientador(a): Lima, Eduardo lattes
Banca de defesa: Lima, Eduardo, Weber, Heroldo, Campos, David Vilas Boas de, Schultz, Nivaldo, Stafanato, Juliano Bahiense
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Agronomia - Ciência do Solo
Departamento: Instituto de Agronomia
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/9052
Resumo: A remoção de parte da palha da cana-de-açúcar para geração de bioenergia ou álcool de segunda geração pode gerar saldo energético ainda mais positivo ao setor sucroalcooeiro. Contudo, a manutenção da palha sobre a superfície do solo contribui para manter a qualidade do solo e no rendimento de colmos. Assim, não se sabe ao certo a quantidade que pode ser retirada do sistema sem causar danos aos atributos do solo e a produtividade da cultura ao longo do tempo. O objetivo geral desse estudo é propor manejo sustentável de colheita da cana-de-açúcar para as regiões sul e sudeste do país; como específico recomendar quanto da palhada deve ser deixada na superfície do solo e quanto pode ser retirada para a co-geração de energia ou produção de álcool de segunda geração com menor prejuízo possível à segurança do solo. Foram conduzidos dois experimentos em duas regiões: Colorado-PR (Sul) em Latossolo Vermelho, sob espaçamento de plantio duplo alternado (0,9 x 1,5 m); e Linhares-ES (Sudeste) em Argissolo Amarelo, com espaçamento simples (1,5 m). Foram avaliados quatro níveis de deposição da palha (0, 25, 50 e 100 %). Amostras de solo foram coletadas logo após a colheita da 1ª e 2ª soca. No primeiro momento foi amostrado o solo nas camadas de 0-5, 5-10, 10-20 e 20-40 cm, para determinar C, N, pH, H+Al, Al, Ca, Mg, Na, K, P, fracionamento físico densimétrico (camadas 0-5 e 5-10 cm) e estabilidade de agregados (camada 0-10 cm). No segundo momento nas camadas de 0-5, 5-10, 10-20 e 20-30, 30-40, 40-60, 60-80 e 80-100 cm, para as mesmas avaliações anteriores mais a densidade e porosidade do solo. Câmaras estáticas e armadilhas tipo “Pitfall” foram instaladas nesses dois momentos para coleta de óxido nitroso e fauna invertebrada epigeica, respectivamente. As plantas foram também coletadas para avaliar produção de colmo e palha. A remoção total da palha (0%) é prejudicial a qualidade do solo, com efeito negativo na produtividade de colmos em ambas as regiões produtoras. Contudo, os impactos causados pelos níveis de palha são distintos entre as regiões. No Sul a manutenção de 50% de palha (7,55 Mg ha-1 ano-1) influencia positivamenteo aporte de fração leve livre, C, N, atributos físicos do solo e rendimento de colmos. Porém, a manutenção de 100% de palha resulta em maior emissão acumulada de N2O do solo e proporciona condições favoráveis a compactação do solo. No Sudeste o nível mais adequado de palha foi de 100 % (9,2 Mg ha-1 ano-1), o qual apresentou melhores valores de C, N, atributos químicos, físicos e biológicos do solo, e maior rendimento de colmos. Entretanto, a retirada total da palha (0%) foi a condição que favoreceu os maiores fluxos de N2O, no Sudeste. Os resultados sugerem que o nível ideal de palha a ser mantido no campo depende das condições específicas de cultivo de cada região, o que impede uma única recomendação para todo o Brasil. Contudo, recomenda-se o acompanhamento do efeito de diferentes níveis de palha sobre a qualidade do solo, emissão de gases do efeito estufa e produtividade de colmos, ao longo do tempo, para definir com mais exatidão a quantidade mínima de palha que garanta sistema de produção de cana-de-açúcar sustentável em cada região de cultivo.