Resiliência, autoeficácia e o estresse percebido: um estudo no contexto da formação do oficial do exército brasileiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Lima, Thaynara Carvalho de
Orientador(a): Souza, Marcos Aguiar de
Banca de defesa: Santos, Pedro Paulo Pires dos, Oliveira, Valéria Marques de
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Psicologia
Departamento: Instituto de Educação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/14503
Resumo: A resiliência é uma competência socioemocional que possibilita a flexibilidade a situações adversas, sendo fortemente associada a um maior repertório de respostas psicomotoras adaptativas diante dos estressores. É a capacidade de enfrentar, superar e transformar-se diante de experiências avaliadas como negativas. A autoeficácia constitui na crença nas capacidades pessoais. O sentimento de competência pessoal coaduna-se com a autoestima; as emoções positivas e a resiliência. Há uma correlação proporcional entre a crença nas habilidades e o comportamento eivado pelas marcas dos bons resultados. A autoeficácia e a resiliência contribuem na melhor avaliação das circunstâncias adversas, auxiliando o sujeito no enfretamento da situação e reduzindo os seus efeitos negativos. Já o estresse percebido está condicionado à avaliação dos estímulos ambientais e suas demandas com os recursos pessoais para enfrentá-los. O fato pode ser enfrentado por um indivíduo como um desafio, já por outro como uma ameaça. O estresse percebido conjuga a emoção, a cognição e o comportamento. Sujeitos com baixa crença em si mesmo, possivelmente, o estresse percebido terá níveis mais altos dos que possuem autoeficácia, resiliência e boas estratégias de enfretamento. A profissão militar é uma atividade que incorre na tomada de decisão rápida, exaustão física e mental e risco de morte, condições propícias ao estresse. Contudo estar ‘estressado’ é um estado desejável ao militar. O estresse fisiológico permite à ação rápida, a hiperprosexia, a agressividade, energia para as células, anestesia e analgesia do corpo. Sem embargo, aliado à condição de excitabilidade constante no exercício da profissão, é imprescindível o desenvolvimento de fatores protetivos que limitará a tensão corporal, garantindo a sua saúde. As respostas de estresse mal adaptadas, transitórias ou permanentes, incluem má conduta ou transtornos diversos como a depressão, síndrome do pânico e transtornos relacionados à ansiedade. A presente pesquisa procurou compreender a associação da resiliência e autoeficácia com o estresse percebido nos militares em formação na Academia Militar das Agulhas Negras- AMAN. A fim de cumprir o intento foram necessários instrumentos avaliativos adaptados ao contexto militar. Para avaliação da Resiliência foi aplicada a escala CD RISC BR a 1.384 militares dos quatro anos da AMAN, após a aplicação, os dados foram analisados pelos Softwares AMOS 19 (Analysis of Moment Structures) e SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) com vistas a ajuizar o modelo mais adequado ao contexto da AMAN. Os índices estatísticos (X2 /gl; GFI, AGFI, RMR, CFI, TLI e RMSEA) obtidos ficaram dentro dos valores aceitáveis para instrumentos avaliativos humanos. A escala adaptada ao Brasil possui 25 itens e 4 fatores (Adaptabilidade; Tenacidade; Amparo Social e Intuição), a versão adaptada a AMAN ficou com 18 itens e dois fatores (Adaptabilidade e Tenacidade). A escala de Autoeficácia Geral Percebida foi aplicada a 245 cadetes do primeiro e segundo ano de formação, o instrumento escolhido foi uma escala inglesa, unifatorial, com 10 itens, adaptada ao Brasil com amostra de estudantes universitários. Os dados da aplicação na AMAN foram correlacionados com os demais instrumentos sem alteração em seus itens. Para a mensuração do estresse percebido foi construída a escala de estresse percebido a partir de grupos focais com cadetes representando os quatro anos de formação, os quais discutiram os aspectos mais estressantes do curso formação de oficiais. As respostas dos participantes do grupo compuseram as 36 assertivas da escala. A Análise Fatorial Exploratória e a Modelagem de Equação Estrutural, realizadas com o auxílio do programa de software AMOS 19, resultaram em três possíveis modelos de escala: escala unifatorial reduzida com 10 itens; escala unifatorial estendida com 22 itens e escala multifatorial com três dimensões (distância da família; enfrentamento de desafios e falta de tempo livre) com 17 itens. Para fins de validação, a escala foi aplicada a 1.306 cadetes dos quatros anos de formação. A testagem estatística chegou a valores aceitáveis para sua validação para o contexto da AMAN, e os resultados mostraram forte correlação entre a escala de estresse com os demais instrumentos aplicados nesta investigação. Conclui-se que os instrumentos avaliativos a pouco mencionados foram validados e adaptados para futuros diagnósticos no contexto de formação bélica do Exército Brasileiro e, os dados mostraram que os consulentes com médias altas nos instrumentos de resiliência e autoeficácia obtiveram baixas médias na escala de estresse percebido. A investigação observou a importância da resiliência e autoeficácia como competência e sentimento, respectivamente, promotores de respostas de estresse adaptativas as atividades castrenses.