“O patriarcado destrói, o capitalismo faz a guerra, o sangue LGBTI+ também é sangue Sem Terra!”: uma análise do processo de (des)construção das masculinidades a partir do Coletivo LGBTI+ Sem Terra

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Silva, José Claudivam da lattes
Orientador(a): Castro, Elisa Guaraná de lattes
Banca de defesa: Castro, Elisa Guaraná de, Furtado, Fabrina Pontes, Schwendler, Sônia Fátima
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade
Departamento: Instituto de Ciências Humanas e Sociais
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
MST
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/19648
Resumo: O presente trabalho visa analisar os processos identitários das masculinidades dissidentes de origem camponesa a partir dos papéis atribuídos aos homens que compõem o Coletivo LGBTI+ Sem Terra do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST), com o objetivo de analisar como a (des)construção dos processos identitários das masculinidades no e do rural, a partir das vivências e experiências destes corpos dissidentes, pode contribuir para o rompimento de uma compreensão restritiva e excludente de afastamento de identidades plurais por meio da manutenção da (re)produção de indivíduos cisheteronormativos única e exclusivamente quando não são levadas em consideração as diversidades corpóreas e de identidades desses indivíduos. Deste modo, a partir do viés do binarismo de gênero, onde a aproximação com traços de feminilidade implica na desvalorização da identidade masculina para os homens e reverbera processos de deslegitimação, invisibilidade e marginalização desses corpos dissidentes de origem camponesa. A construção e manutenção de um ideal de identidade masculina e/ou de ser homem assume contornos, muitas vezes, atravessados por vieses de violências, dispositivos de regulação, como o armário e processos de resistências que (re)cortam suas vivências cotidiamente. Nessa perspectiva, a estratégia de reforço e ruptura a um padrão de masculinidade hegemônica preestabelecida e condicionante que espelha esse homem camponês enquanto atrasado e não moderno e alimenta o imaginário social deste enquanto bruto e/ou brutalizado possibilita outras e novas leituras sobre o rural e as ruralidades. Para tanto, foram realizadas entrevistas semiestruturadas e a análise dos documentos institucionais do MST sobre e a partir das questões de gênero e sexualidade, onde buscamos compreender como os homens que se percebem de identidades diversas do padrão de gênero preestabelecido se inserem nesses processos de (re)produção de masculinidades em espaços histórica e contextualmente dicotômicos, machistas e patriarcais, bem como processos de reconhecimento e visibilidade dessas masculinidades plurais enquanto garantia de (sobre)vivências. Deste modo, os estudos de gênero, feminismos e diversidade sexual nos possibilitam discorrer acerca das masculinidades e pluralidades de ser homem e pensar sobre como as violências de gênero e suas condições para marginalização, subalternidade e exclusão são evidenciadas pelo afastamento do padrão de gênero predeterminado, onde ser feminino e/ou afeminado está associado, ao longo da história, à passividade, docilidade, submissão e não ser homem de verdade, denotando um caráter de negação da identidade viril masculina e de afastamento ao ideal de ser homem devido a predominância de traços e padrões cisheteronormativos presentes no meio social.