Análise do perfil de resistência antimicrobiana em bactérias isoladas de animais necropsiados na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Pinto, Letícia Baptista lattes
Orientador(a): Souza, Miliane Moreira Soares de
Banca de defesa: Souza, Miliane Moreira Soares de, Coelho, Shana de Mattos de Oliveira, Anzai, Eleine Kuroki
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias
Departamento: Instituto de Veterinária
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/11828
Resumo: O surgimento e a disseminação da resistência aos antimicrobianos é uma das três principais ameaças à Saúde Pública no século XXI, e deve ser analisado em uma abordagem integrada de Saúde Única, por se tratar de um risco à saúde compartilhado por pessoas, animais e meio ambiente. Apesar da compreensão a respeito da origem multifatorial da resistência antimicrobiana, pouco se sabe sobre a contribuição dos ambientes voltados a produção, manutenção e cuidados de animais na disseminação desse fenômeno. Dentre estes, o espaço de necropsia representa um ponto de coesão, sendo um local de extrema relevância para pesquisa e compreensão da circulação da microbiota bacteriana e seus genes de resistência. O presente estudo avaliou a ocorrência de superbactérias em amostras de animais necropsiados na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, considerando os critérios de prioridade estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Das 198 amostras coletadas de 45 animais, sendo 20 animais de companhia, 20 de produção e 3 selvagens, foram isoladas 325 cepas, das quais 51,38% (167/325) foram Enterobacterales, 31,69% (103/325) Staphylococcus spp., 12,62% (41/325) Enterococcus spp., 2,46% (8/325) Streptococcus spp. e 1,85% (6/325) BGNNF. O MALDI-TOF mostrou-se uma ferramenta eficiente para identificação bacteriana, principalmente em Enterococcus spp. e Enterobacterales. A concordância entre as técnicas bioquímica, proteômica e genotípica na identificação de Staphylococcus spp. foi de 80,58%, o que confirma a importância da associação entre diferentes métodos diagnósticos para a caracterização nesse gênero, levando ao direcionamento correto da análise de resistência. 8,74% (9/103) dos Staphylococcus spp. apresentaram resistência fenotípica indicativa de produção de PBP2a, com detecção do gene mecA em todas as cepas. Em 29,13% (30/103) dos Staphylococcus spp. houve detecção do gene blaZ. Foi evidenciada resistência fenotípica à vancomicina em E. faecalis, com detecção do gene vanB. 11,98% (20/167) das enterobactérias apresentaram resistência aos beta-lactâmicos, mediada pela produção de ESBL, no antibiograma de triagem e 80% (16/20) delas foi positiva no teste confirmatório. A pesquisa dos genes que codificam ESBL revelou a presença de blaSHV em 10,18% (17/167), blaTEM em 6,59% (11/167) e blaCTX-M-1 em 4,19% (7/167). Não houve detecção de cepas produtoras de carbapenemases. Não foram detectados genes mcr. Esses resultados revelam a ocorrência de espécies caracterizadas como superbactérias críticas pela OMS em ambiente de necropsia e reforçam a necessidade de monitoramento dessas cepas no ambiente veterinário não apenas para a adoção de medidas de controle e tratamento adequados dos animais, mas também para a implementação de protocolos seguros para o descarte de suas carcaças.