Xamanismo, ou, devir outro da filosofia. ensaios de recepção à contracolonialidade filosófica e à cosmopolítica xamânica imanentes em ‘ a queda do céu’

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Oliveira, Yan Gabriel Souza de lattes
Orientador(a): Noguera, Renato lattes
Banca de defesa: Noguera, Renato lattes, Ramos, Pedro Hussak van Velthen lattes, Carvalho e Faria, Filipe Ceppas de lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Filosofia
Departamento: Instituto de Ciências Humanas e Sociais
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/13501
Resumo: Minha pesquisa de mestrado perseguiu, incansavelmente, o objetivo de traçar uma leitura filosófico-receptiva do livro A Queda do Céu: palavras de um xamã yanomami, de Davi Kopenawa & Bruce Albert. Com dois objetivos principais: pôr à prova a possibilidade de considerarmos tal obra enquanto um ‘livro de filosofia ameríndia’ (apesar de estar assinado por um xamã yanomami e um antropólogo francês); e, simultaneamente, investigar o que esta consideração (ao se comprovar) poderia suscitar aos debates e à produção de conhecimento filosófico desenvolvidos nos circuitos universitários. Em suma, uma investigação sobre ‘como e porque’ parece fundamental para uma recepção filosófico-acadêmica dos enunciados xamânicos de Kopenawa, recentemente publicados. Ao longo dos mais de dois anos de desenvolvimento da pesquisa e, sobretudo, com o processo de redação desta dissertação, fomos levados a caminhos diversos e imprevisíveis de leitura e reflexão, explicados na Introdução. Neste resumo, creio ser válido, apenas, frisar alguns pontos: lançamos mão de uma estratégia dialógica multipolarizada, criando e testando alianças conceituais com os mais diversos autores, filosóficos ou não, ameríndios ou não. Desde o início, entre os referenciais mais importantes, estavam os antropólogos Eduardo Viveiros de Castro e Tânia Stolze de Lima, devido ao conceito, por eles cunhado, de perspectivismo multinaturalista. Posto que o nosso caminho hipotético chave fosse o da investigação sobre, até que ponto, a obra de Kopenawa & Albert apresenta-nos uma explicação praxológica e autônoma da teoria que aquele conceito evocava, e que acabou por complexificá-la ainda mais. No que tange mais diretamente à disciplina filosófica, mantemos um íntimo e ambíguo relacionamento com as obras de Deleuze & Guattari e com a concepção que estes autores apresentaram do que caracteriza a Filosofia – além do conceito de “cosmopolítica”, cunhado por Isabelle Stengers e ressignificado complexamente pela “crítica xamânica da economia política da natureza”, imanente à nossa obra central. E, paralelamente, com pensadores latino-americanos contemporâneos que apontam para a urgência de uma descolonização epistêmica das práticas e dos saberes filosóficos. Nesse ponto, nossa referência conceitual mais importante foi, sem dúvidas, o autor e mestre quilombola Antônio Bispo dos Santos, sua teoria da Contracolonialidade e sua sugestão acerca de uma distinção conceitual entre Contracolonialidade e Descolonização, que procuramos desenvolver. Por fim, não menos importante, ao formularmos hipoteticamente um campo do conhecimento que identificamos como aquele das Filosofias Contracolonialistas, fez-se necessário um diálogo mais direto entre o xamanismo yanomami, pesquisado em A Queda do Céu, com outras tradições contracoloniais; o fizemos, sobretudo, a partir da “ciência encantada das macumbas”, apresentada e analisada por Simas & Rufino, em outra obra recente