Que gay sou eu? Interseccionalidades em praias gays do Rio de Janeiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Ribeiro, Alexandre Gaspari lattes
Orientador(a): Pereira, Luena Nascimento Nunes
Banca de defesa: Rinaldi, Alessandra de Andrade, Vianna, Adriana de Resende Barreto
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais
Departamento: Instituto de Ciências Humanas e Sociais
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/11479
Resumo: Esta pesquisa tem como campo de estudo dois trechos de praias da cidade do Rio de Janeiro considerados “amigáveis” a homossexuais: a Bolsa de Valores, ou simplesmente Bolsa, em Copacabana, e a Farme, em Ipanema. A partir de observação direta e indireta em campo, seleção de informantes e referencial teórico, o objetivo deste trabalho é analisar, com base nas relações estabelecidas nesses ambientes e também fora deles, a multiplicidade de “subgrupos” oculta sob a categoria “homossexual”, bem como as tensões que se criam a partir de aproximações e diferenciações entre gays do sexo masculino nestes espaços de interação. Se as identidades se formam a partir das diferenças, conforme Hall (2007), estas diferenças aproximam e repelem os atores de acordo com suas representações, no sentido estabelecido por Goffman (2011), na Bolsa, na Farme e em seus arredores. Essas representações, contudo, são caracterizadas por interseccionalidades entre variados marcadores sociais da diferença. Se o corpo surge como o marcador mais óbvio em uma praia, além dele há outros fatores que influenciam essas relações, como gênero, classe social, geração, raça, origem e mesmo local de moradia. Assim, os cruzamentos interseccionais criam nessas praias espaços territorializados de conflitos e transições. Em certas situações, a poluição ambiental pode ser usada como justificativa para afastar-se da poluição social, no sentido de Douglas (2012). Mas, de um modo geral, o que parece estar em jogo é um capital simbólico que estabelece uma espécie de “hierarquia gay”, sobretudo no que diz respeito às masculinidades e à performatividade, citando Butler (2013). Tais diferenciações também podem fazer parte de um estilo, de acordo com Facchini (2008 e 2011), e ter origem mercadológica, considerando a análise de França (2012). E podem, inclusive, provocar o deslocamento espacial de determinados grupos para áreas onde consigam manter sua distinção e sua hegemonia no que podemos chamar de "subcultura gay". A tentativa de ocupar novos espaços no território "democrático" da praia carioca, entretanto, pode não se concretizar como planejado inicialmente, devido à heterossexualidade compulsória dominante. Afinal, embora as fronteiras entre praias "gays" e "heterossexuais" sejam fluidas, a “territorialização” desses espaços não se dá sem conflitos e reivindicações que muitas vezes se efetivam somente em processos políticos e históricos.