“Exímios remadores do Arsenal da Marinha”: recrutamento e trabalho indígena no Rio de Janeiro (1763-1820)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Ribeiro, Silene Orlando lattes
Orientador(a): Moreira, Vânia Maria Losada
Banca de defesa: Moreira, Vania Maria Losada, Nascimento, Álvaro Pereira do, Apolinário, Juciene Ricarte, Freire, José Ribamar Bessa, Morel, Marco
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em História
Departamento: Instituto de Ciências Humanas e Sociais
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/10069
Resumo: A tese analisa o processo de recrutamento de trabalhadores indígenas para o Arsenal da Marinha do Rio de Janeiro entre 1763 e 1820. Uma abordagem dialógica entre a Nova História Indígena, a História do Trabalho, Nova História Militar, a Antropologia e a Micro-História é aqui proposta para entender como os diferentes mecanismos de captação do braço indígena para o Arsenal da Marinha do Rio de Janeiro estiveram relacionados a este processo global de reformas militares que ocorreram no Império Português. A análise das fontes documentais coligidas evidenciou estratégias de militarização, “civilização” e assimilação das populações indígenas aldeadas, viladas e de etnias ainda não submetidas ao sistema de aldeamentos, os denominados “índios bravos”, como desdobramentos da captação de trabalhadores indígenas para os serviços da Marinha. Os dados coligidos nas fontes documentais produzidas por militares, agentes administrativos e os relatos dos viajantes-naturalistas para o Rio de Janeiro comportam informações sobre a complexidade das experiências vivenciadas pelos trabalhadores indígenas no Arsenal da Marinha. De acordo com as evidências documentais, a categoria socioprofissional dos remeiros ou remadores, objeto de estudo desta pesquisa, foi um grupo de trabalhadores formado apenas por indígenas, cujo surgimento relacionou-se às demandas da Marinha por trabalhadores e a concepções do papel pedagógico do trabalho na integração dos indígenas à sociedade. Uma das atribuições das populações de índios aldeados da região do Rio de Janeiro era o fornecimento de força de trabalho para os colonos e para a execução das obras públicas. Atividades de cunho militar e naval fizeram também parte do conjunto de funções e das modalidades dos trabalhos que os indígenas aldeados deveriam prestar. Os conflitos bélicos do século XVIII travados entre França, Inglaterra, Portugal e Espanha mudaram os sentidos da guerra, suas tecnologias e demandaram a profissionalização dos soldados. No caso português, a guerra também produziu a padronização dos arsenais. A escassez de homens para o serviço das armas foi uma questão relevante para o Estado português entre os séculos XV e XVIII. No bojo das reformas militares efetuadas por Portugal, inúmeras estratégias foram construídas pelas autoridades portuguesas para resolver tal demanda nas possessões lusitanas no ultramar. A formação de tropas nativas foi uma prática recorrente no Império português. Em 1808, a vinda da Família Real para o Brasil promoveu mudanças legislativas, administrativas e urbanísticas no Rio de Janeiro. A promoção da guerra aos grupos indígenas denominados Botocudos, marcou o início do período joanino. Novas estratégias do poder régio, baseadas em um suporte jurídico foram implementadas para garantir o acesso ao trabalho dos índios aldeados. No mundo do trabalho, os indígenas recrutados pelo Estado para oArsenal da Marinha do Rio de Janeiro enfrentaram inúmeros problemas como amilitarização, a perda da liberdade, condições insalubres de trabalho, baixa remuneração e oapagamento de suas identidades étnicas.