Os Continentes, os Conjugati e os Outros: identidade cristã e a instituição da sexualidade divina nos escritos de Agostinho de Hipona (Séculos IV e V)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Veloso, Wendell dos Reis lattes
Orientador(a): Berriel, Marcelo Santiago
Banca de defesa: Lopes, Fábio Henrique, Silva, Daniele Gallindo Gonçalves, Silva, Paulo Duarte, Fortes, Carolina Coelho
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em História
Departamento: Instituto de Ciências Humanas e Sociais
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/10057
Resumo: Esta tese tem como objetivo principal analisar a criação de uma sexualidade, a qual eu denomino de sexualidade divina, a partir de cinco tratados polêmicos atribuídos a Aurélio Agostinho (354-430), bispo da região de Hipona no Norte da África (395-430). Os tratados escritos entre os séculos IV e V e entendidos como campo discursivo, são, De Vera Religione, Confessiones, De Bonno Coniugalli, De Sancta Virginitate e De Civitate Dei, os quais foram analisados através de uma hermenêutica histórica e pressupostos da Análise de Discurso. O argumento desenvolvido ao longo da tese é que em momento de sistematização da religião cristã como um sistema de crenças e práticas adotadas voluntariamente o bispo Agostinho de Hipona propôs uma identidade cristã específica. Esta, ancorada no poder pastoral e no contato com o neoplatonismo, propunha-se estável, substanciosa e fixa em contraposição às identidades múltiplas que ficavam em modo de espera para ser acionadas de acordo com a circunstância. Tratou-se da imposição de uma identidade baseada em hierarquia sobre uma que se estruturava em arranjos laterais. Neste contexto, os elementos ligados à sexualidade foram utilizados pelo hiponense como demarcador identitário, de modo que, influenciado por Michel Foucault, defendo que o dispositivo de sexualidade agostiniano cria a sexualidade divina que deveria caracterizar de modo permamente a identidade cristã católica orquestrada pelo bispo de Hipona. Ou seja, entendendo que parte considerável do poder pastoral advém do combate à dissidência religiosa, o dispositivo de sexualidade agostiniano ficcionaliza as racionalidades governativas do episcopado exercido por Agostinho ao forjar uma sexualidade orientada para a continência, a qual se antagoniza ao prazer e se propõe fixa e natural. Esta sexualidade divina se antagonizava à sexualidade plástica (orientada para o prazer) que caracterizava às comunidades tradicionais do Império Romano.