Jeca Tatu, Tatuzinho e Zé Brasil: uma representação da realidade brasileira nas décadas de 1910 a 1950

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Müller, Victor Hugo Neitzke lattes
Orientador(a): Santos, Ramofly Bicalho dos lattes
Banca de defesa: Andrade, Flávio Anício, Santos, Rafael dos
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Educação Agrícola
Departamento: Instituto de Agronomia
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/12297
Resumo: Muitas são as fontes e as formas de analisar a multidimensionalidade da realidade brasileira. Nesta Dissertação, a escolha recaiu na produção literária de Monteiro Lobato, analisando-se tanto sua literatura adulta quanto sua literatura infantil. Para isso, dois pressupostos deram suporte à proposta de pesquisa: o primeiro relaciona-se ao entendimento de que a literatura é importante mecanismo de propagação de ideologias; o segundo afirma-se na ideia de que a literatura, muitas vezes, vale-se de personagens fictícios para disseminar crenças, valores e propósitos. A pesquisa pretendeu configurar a realidade brasileira, nas décadas de 1910 a 1950, a partir dos personagens Jeca Tatu, Jeca Tatuzinho e Zé Brasil, frutos da criatividade de Monteiro Lobato. A investigação resultou do interesse do pesquisador pela literatura de Lobato e de sua vivência familiar junto a meeiros, os quais apresentam depoimentos sobre a realidade da vida no campo. A pesquisa, caracterizada como bibliográfica, utilizou fontes de consulta primária e secundária, o que permitiu a construção de relevante revisão de literatura, orientada para o problema e os objetivos da investigação. Mantém-se, ao longo do texto dissertativo, a preocupação em associar a produção literária analisada aos elementos históricos do contexto nacional e internacional, procurando-se destacar os movimentos político-ideológicos vigentes em cada década. Esses movimentos serviram, também, para caracterizar o pensamento de Monteiro Lobato e suas implicações na produção de sua obra e na criação de seus personagens. A análise realizada permitiu, ainda, perceber a transformação desse pensamento, identificando Lobato, primeiramente, como um ser preconceituoso e racista, capaz de ironizar seus agregados, criando o Jeca Tatu, mostrando-o como um caipira preguiçoso, um parasita responsável pelo atraso socioeconômico do Brasil. Ao tornar-se um latifundiário, assumiu a identidade de um “coronel”, envolvendo-se com a política partidária, decepcionando-se de pronto. Viveu experiências de tensão com figuras do movimento modernista, tendo sua obra sido ignorada por adeptos desse movimento. Exerceu atividade empresarial, inovando em relação ao mercado editorial. Acredita-se que foi influenciado pelas ideias de Anísio Teixeira e Henry George, motivos que o levaram a uma grande transformação de seu pensamento político-social, chegando, então, à publicação de Zé Brasil, obra considerada como o coroamento de suas reflexões a respeito do caipira e da realidade brasileira. Essas são abordagens de maior relevância nesta Dissertação, tendo permitido o aprofundamento do tema proposto no projeto de pesquisa. Ressalta-se que o pressuposto de que literatura e ideologia se aproximam constituiu-se, nesta Dissertação, como fio condutor da caminhada empreendida. Entende-se que a pesquisa possibilitou, também, o desvelamento de processos que engendraram/engendram as relações entre proprietários e não proprietários de terra, encaminhando para a inarredável Reforma Agrária. Esta Dissertação abriu horizontes para novas pesquisas concernentes à realidade do Brasil.