"Levar um pouco de água ao fogo em que se incendiara”: senhores e escravos às vésperas da abolição, Ilhéus, BA (1874-1893)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Gonçalves, Victor Santos lattes
Orientador(a): Popinigis, Fabiane lattes
Banca de defesa: Silva, Ayalla Oliveira lattes, Azevedo, Elciene Rizzato lattes, Grinberg, Keila lattes, Souza, Adriana Barreto de lattes, Popinigis, Fabiane lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em História
Departamento: Instituto de Ciências Humanas e Sociais
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/17622
Resumo: Esta tese investiga as estratégias senhoriais de emancipação gradual a partir do caso da família Steiger e as ações e formas de negociação da liberdade pelas famílias escravas e libertas da fazenda Victoria nas décadas de 1870 e1880. Buscamos assim abordar a crise da escravidão dentro de uma perspetiva relacional, tecendo visões do processo da Abolição tanto pelo olhar da casa-grande, quanto da senzala rebelde. Para investigar as estratégias desenvolvidas pela senzala da sesmaria Victoria examinamos os lugares sociais que essas famílias escravas e libertas ocuparam no processo da Abolição. Analisamos as famílias de escravizados e suas lutas para negociarem novas relações de trabalho com os Steiger, nas duas últimas décadas da escravidão e no pós-abolição, até 1892. Para compreensão da reconfiguração das relações de trabalho na sesmaria Victoria analisamos as correspondências pessoais (cartas, biografia de Steiger e o relatório administrativo da plantation Victoria) da família Steiger. Na análise dessas fontes, percebemos tanto a negociação da senzala por remuneração pelas atividades desenvolvidas, como as impressões dos Steiger sobre a escravidão e seu futuro e seus esforços para manutenção das relações de dependência daquelas famílias. No auge da crise do escravismo e força do movimento abolicionista, acompanhamos a luta de escravos na sesmaria Victoria na Justiça para fazer valer seu direito à liberdade, colocando os senhores Steiger na condição de réus perante os tribunais. Também examinamos as árvores genealógicas dessa senzala, pontuando sua organização e como se formou ali uma comunidade com laços de parentesco consaguíneo e de compadrio internos e externos, demonstrando que aquela escravaria era antiga e conseguiu se manter estável por mais de mais de três décadas. A nossa intenção foi perseguir esses sujeitos históricos no tempo e entre séries documentais diferentes, tentando localizá-los em diversos contextos. Por fim, esta tese sustenta a hipótese que a família Steiger não suportou a decadência da força moral senhorial, acelerada a partir da Lei do Ventre Livre, não conseguindo conter o abandono coletivo da senzala rebelde da sesmaria Victoria antes do 13 de maio de 1888.