Impacto do fluxo de embarcações sobre o comportamento do Boto Cinza (Sotalia guianensis): um estudo de caso para a Baía de Sepetiba, Rio de Janeiro, Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Mello Neto, Thamires de lattes
Orientador(a): Simão, Sheila Marino lattes
Banca de defesa: Soares Filho, William, Tubino, Magda Fernandes de Andrade
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal
Departamento: Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/10832
Resumo: Ao longo dos habitats costeiros, o boto-cinza, Sotalia guianensis, está sujeito a ações antropogênicas que ameaçam a sua conservação, especialmente a pesca e o tráfego de embarcações. A Baía de Sepetiba parece oferecer um habitat de qualidade, uma vez que os botos são abundantes e encontrados o ano todo. Com o crescente avanço de empreendimentos na Baía de Sepetiba, em há um aumento no fluxo de embarcações de grande porte, que consequentemente transporta diversos tipos de cargas, sendo algumas nocivas ao meio ambiente e diretamente perigosas para os botos. Esse tráfego intenso na Baía de Sepetiba, local utilizado pelos botos para alimentação, forrageamento e reprodução, pode gerar respostas comportamentais negativas por parte dos botos, fazendo com que se afastem ou mudem sua afinidade pelo local. Sendo assim a partir de um ponto fixo, durante o período de um ano (Julho/2015 a Agosto/2016), avistagens foram realizadas com o objetivo de avaliar se as diferentes embarcações geram impactos sobre o comportamento da população de boto-cinza da Baía de Sepetiba. A avaliação se deu a partir da classificação da reação comportamental em Negativa, Neutra e Positiva, em interações com distâncias entre os objetos de estudo de no máximo 500m. O estudo teve um total de 288 h de esforço amostral, dentre as quais os meses que apresentaram mais interações foram Jan/16 com 14,90% (n=11), Jul/15 com 13,51% (n=10), Mar/16 e Abr/16 com 12,16% (n=9). As interações ocorreram em sua maioria durante o período de 10 às 11 hrs (32,43%), 9 às 10 hrs (24,32%) e 11 às 12 hrs (24,32%), e todas se deram fora do canal dragado. Os grupos, no geral, foram de pequeno porte. A presença de filhotes acompanhando o grupo também foi baixa, somente 12 (6,86%) indivíduos. As embarcações que mais interagiram com os botos, foram: Lanchas (79,73%) e Traineiras (18,92%), somente um Navio (1,35%). O Forrageamento (57,30%) e o Deslocamento (42,70%) foram as atividades mais realizadas, e as reações comportamentais de maior frequência foram a Neutra (71,43%), seguido da Negativa (24%) e Positiva (4,28%). Para verificar se houve diferenças significativas entre as embarcações e reações comportamentais foi utilizado o X2, assumindo valor de significância p<0.05, foi constatado que as reações neutras têm um efeito predominante em relação às outras reações para os tipos de embarcações. As reações neutras foram predominantes podendo ser interpretadas como um processo de habituação ou aprendizagem. Ou até mesmo de economia de energia. Essa energia poderia ser utilizada em atividades de forrageamento, já que a possível escassez de espécies essenciais em sua dieta faça com que os botos se esforçem mais para capturar presas do que se afastar dos possíveis impactos