Devir e dialética nas estéticas do fragmento e da descontinuidade: práticas e reflexões para uma pedagogia da montagem
Ano de defesa: | 2023 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | , , , , |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Educação, Contextos Contemporâneos e Demandas Populares
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Departamento: |
Instituto de Educação
Instituto Multidisciplinar de Nova Iguaçu |
País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: | |
Área do conhecimento CNPq: | |
Link de acesso: | https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/20135 |
Resumo: | Este trabalho se desenvolve a partir da observação e reflexão sobre a montagem como dispositivo estético-político que tem como princípio afirmar o caráter construtivo e propositivo das imagens e narrativas produzidas a partir da fragmentação e da descontinuidade. Os estudos sobre a montagem a caracterizam como modo de conhecimento que, pelo primado da imagem, renuncia às práticas de instrumentalização da linguagem e ao valor exclusivamente explicativo e conclusivo do discurso racional positivista. A pesquisa se apresenta em três partes. Na primeira, procuramos delinear um intercâmbio de práticas e reflexões a partir de produções estéticas no entreguerras – na cultura ocidental – que se utilizaram da montagem como embate político contra mecanismos de representação normativos e naturalizados das estruturas de poder; mecanismos que, em prol da persuasão de suas próprias narrativas, ocultam o processo de montagem que lhes consubstanciam, apagando as razões e finalidades que interessam a sua dominação, para se apresentar de modo impessoal e cabal. No período do entreguerras, o influxo entre movimentos estéticos e movimentos políticos de tendência revolucionária que vinham na esteira da revolução proletária enfatiza na utilização da montagem não apenas a crítica à manipulação política entre realidade e aparência própria do sistema técnico-industrial capitalista. Tal influxo enfatiza também, na atividade de “montar”, a perspectiva dialética que dimensiona as possibilidades de posicionamento e proposição dos sujeitos frente ao mundo como ato de criação, convergindo na própria ideia de construção da realidade como devir. As teorias e intercâmbios a respeito dos processos de montagem inseridos na experiência de devastação instaurada pelo capitalismo, a partir da Primeira Guerra mundial – passando por produções e reflexões no dadaísmo de Berlim, no cinema de vanguarda russo de Sergei Eisenstein, no surrealismo, na menção à autores como Bertolt Brecht e Walter Benjamin, entre outros – até exemplo de processo de montagem nos dias atuais, nos possibilitou pensar a montagem como campo de estratégias de resistência às determinações e unificação do tempo impostos pelo Neoliberalismo. Na segunda parte do trabalho, intencionamos assim delinear a respeito de uma pedagogia da montagem, dialogando com o educador Paulo Freire. As correlações são propostas na perspectiva da função criadora do pensamento, ao invés de reprodutora, e nas estratégias que estimulam nos/nas participantes suas responsabilidades como “construtores” e/ou “montadores” de sentido – na alternância dos estados em que cada um vive como quem apreende e como quem produz – predispondo religar experiência e realidade, subjetividade e objetividade, razão e imaginação para a leitura e proposição de imagens e realidades. Objetiva-se demonstrar que o ato de “montar” é também uma maneira de religar fragmentos de realidade, tornando apreensíveis relações subjacentes ou inconscientes que movimentam sentidos, instâncias e camadas múltiplas disto que pode ser vivida (pensada, sentida e imaginada) enquanto realidade; contribuindo com ações para a reconquista da participação na construção do mundo, compreendido não como determinado, mas como processo e devir. A terceira parte se refere a uma breve reflexão sobre possibilidade de experiência metodológica com montagem a partir de um exercício de escritura pensamento/imaginação, visual e/ou audiovisual realizado na montagem de fragmentos díspares selecionados. |