Estratégia reprodutiva do caranguejo Goniopsis cruentata (Latreille, 1803) (Crustacea, Brachyura, Grapsidae) no Manguezal de Itacuruçá, Baía de Sepetiba, Rio de Janeiro, Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2007
Autor(a) principal: Silva, Zilanda de Souza lattes
Orientador(a): Oshiro, Lidia Miyako Yoshii lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal
Departamento: Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/9184
Resumo: Goniopsis cruentata é um caranguejo com distribuição no Atlântico Oriental e Ocidental, ocorrendo em manguezais e estuários. Esse trabalho teve como objetivo estudar a estratégia reprodutiva desta espécie no Manguezal de Itacuruçá, Rio de Janeiro, Brasil, no período de janeiro/2001 a dezembro/2002. A estratégia reprodutiva foi analisada nos aspectos da estrutura populacional, atividade de muda, processo de regeneração dos apêndices perdidos, período reprodutivo, potencial reprodutivo, desenvolvimento embrionário, tempo de incubação dos ovos e ritmo de liberação larval. Os caranguejos foram amostrados mensalmente, sendo as capturas realizadas por dois coletores, durante uma hora. Os caranguejos foram separados por sexos, medida a largura da carapaça (LC), observado o estágio de muda, a ausência ou regeneração dos apêndices e nas fêmeas a presença de ovos. Após as coletas dos dados, os animais foram devolvidos ao ambiente e as fêmeas ovígeras, transportadas ao laboratório. Machos e fêmeas foram mantidos em cativeiro, em tanques com capacidade de 1000 l, com fluxo contínuo de água do mar, sendo alimentados a cada dois dias. Um total de 704 animais foram coletados, apresentando distribuição de freqüência em classes de tamanho unimodal e proporção sexual 1:1,04 (macho:fêmea). O tamanho médio dos animais foi 33,03±7,02 mm e nas fêmeas ovígeras 36,15±4,92mm. A porcentagem de caranguejos em processo de muda foi baixa (6,82 %), com maior proporção ocorrendo na lua nova. A incidência de autotomia/regeneração foi de 27% e a probabilidade estimada de perder um apêndice foi de 3,32%. As fêmeas ovígeras apresentaram baixa incidência de autotomia 3,1%, com maior proporção de indivíduos em regeneração. Os ciclos anuais de muda e desova das fêmeas em laboratório apresentou de uma a três mudas e de uma a cinco desovas anuais por fêmea. A maior freqüência de desova ocorreu nas fêmeas com LC entre 31,0 a 40,0 mm. O período reprodutivo é do tipo sazonal-contínuo, com uma alta atividade reprodutiva no verão, por meio de desovas consecutivas em um único período de intermuda, otimizando a produção de ovos nesta estação, onde as condições ambientais locais são mais favoráveis. O número de larvas liberadas aumentou com o tamanho do animal. A taxa de eclosão foi de 81,8%, variando de acordo com a classe de tamanho de 50,27 a 97,64% e apresentou correlação negativa com o tamanho das fêmeas. A produção de ovos aumentou com o tamanho do animal, porém o número de ovos viáveis diminuiu com o tamanho da fêmea. A seqüência das mudanças morfológicas no embrião permitiu descrever oito estágios embrionários: pré-clivagem, pós-clivagem, pré-nauplio, nauplio, metanauplio, pigmentação ocular e abdominal, batimentos cardíacos e pré-eclosão. Os ovos apresentaram forma esférica, com um aumento do tamanho ao longo do período de incubação e presença de vitelo na larva recém liberada, indicando que essas características estão relacionadas à estratégia reprodutiva observadapela espécie. Esta apresentou ritmo de liberação larval noturna, nas marés enchentes de sizígia da lua cheia, provavelmente para evitar o estresse provocado pelo meio, visando alcançar um sucesso reprodutivo, de acordo com o padrão descrito para várias espécies de braquiúros semiterrestres tropicais.