Desafios na caracterização e na análise da resistência antimicrobiana de espécies bacterianas na medicina veterinária com uma abordagem em saúde única

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Holmström, Thérèsse Camille Nascimento lattes
Orientador(a): Souza, Miliane Moreira Soares de lattes
Banca de defesa: Soares, Lidiane de Castro lattes, Souza, Miliane Moreira Soares de lattes, Maboni, Grazieli lattes, Anzai, Eleine Kuroki lattes, Souza, Cláudio Marcos Rocha de lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias
Departamento: Instituto de Veterinária
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/17637
Resumo: Ao longo das últimas décadas, múltiplos fatores como o estreitamento da relação entre humanos e animais de estimação, as mudanças ambientais decorrentes da urbanização de áreas periurbanas e rurais, a significativa intensificação da produção animal, acarretaram uma significativa mudança na dinâmica homem-animal com consequente aumento da circulação de patógenos bacterianos entre humanos e animais e a emergência e reemergência de doenças. A identificação de bactérias emergentes na rotina do diagnóstico veterinário tem se apresentado como um grande desafio, uma vez que, geralmente, estes patógenos não possuem estudos de referência a partir das amostras oriundas do ambiente animal, e por vezes, metodologias desenvolvidas para amostras de origem humana não se mostram efetivas para sua identificação. Outro aspecto associado a tal emergência é a circulação de genes de resistência apontando para a importância de caracterizar a resistência antimicrobiana de espécies bacterianas oriundas de diferentes ambientes animais. Neste trabalho foram caracterizadas espécies bacterianas e seu respectivo perfil de resistência oriundas de animais silvestres, produção avícola e amostras laboratoriais clínicas de diferentes espécies. Amostras oriundas de diferentes espécies de animais selvagens, como maritacas, jabutis, cachorro do mato e mão pelada, forneceram 103 cepas da família Enterobacterales, 28 Staphylococcus spp., 2 Streptococcus spp. e 1 Enterococcus spp. Uma cepa de Pantoea dispersa isolada de maritaca foi detectada albergando o gene de resistência à colistina mcr-9. A partir das amostras de jabuti, foram detectadas 2 amostras apresentando o gene de resistência blaTEM, 1 apresentou o gene blaCTX e 1 apresentou ambos os genes. Dentre as amostras da produção avícola os isolados de Enteobacterales revelaram 45,45% (20/44) de cepas produtoras de ESBL, sendo 35% (9/20) blaSHV, 20% (4/20) blaCTX-M, 15% (3/20) blaTEM, 10% (2/20) apresentando os genes blaSHV e blaCTX, e 10% (2/20) apresentando blaSHV e blaTEM, simultaneamente. Dentre as 51 cepas de Enterococcus spp, 1 cepa de E. faecium oriunda de cloaca de pinto foi identificado o gene vanB e em 1 cepa de E. faecalis de frango adulto foram identificados vanA e vanB, simultaneamente. Destas mesmas 51 cepas 23,53% (12/51) apresentaram resistência a estreptomicina. Dentre as 25 cepas de Staphylococcus spp. foi detectado 1 isolado com o gene mecA. A cama de maravalha utilizada pelos animais da avicultura também foi avaliada e foi detectado 1 amostra positiva para o gene blaVIM. As 35 cepas de Acinetobacter spp. foram identificadas por análise proteômica, genotípica e sequenciamento. Para avaliar a diferença entre as técnicas foi utilizado o teste de Kappa entre MALDI-TOF e PCR, MALDI-TOF e rpoB, PCR e rpoB, e entre as três técnicas. O perfil de resistência dessas amostras também foi avaliado, sendo 54,28% (19/35) classificadas como MDR, 51,42% (18/35) apresentaram 1 ou mais genes de ESBL, sendo 4 cepas com gene blaCTX, 1 cepa com blaSHV, 9 cepas com blaTEM, 3 cepas com blaCTX e blaTEM e 1 cepa com blaSHV e blaTEM. O presente trabalho buscou identificar bactérias e detectar genes de resistência em diferentes ambientes veterinários. Este é um grande desafio principalmente porque há poucos trabalhos e ausência de padrões de análise fenotípica sobre isolados de origem animal. O papel do animal silvestre, de produção ou de companhia tem relevante participação na disseminação de genes de resistência no ambiente, enfatizando a Saúde Única e gerando um alerta quanto ao foco de novos estudos para entender e avaliar ambientes veterinários.