Desafios e possibilidades do matriciamento na construção do cuidado em saúde mental na Atenção Básica em Saúde

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Rodrigues, Rosilene Gomes de Azevedo lattes
Orientador(a): Gonzalez, Lilian Maria Borges lattes
Banca de defesa: Gonzalez, Lilian Maria Borges, Uhr, Débora, Miranda, Lilian
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Psicologia
Departamento: Instituto de Educação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/14451
Resumo: A Atenção Básica à Saúde (ABS) constitui a porta de entrada privilegiada do sistema de saúde no Brasil. As equipes de Saúde da Família (eSF) atuam como referência no cuidado em saúde realizado nos territórios e, para tal, contam com o apoio especializado de múltiplos profissionais que compõem o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF). Nesse contexto, presta-se o atendimento e acompanhamento a diferentes casos, incluindo demandas de saúde mental. Esse processo de construção coletiva da assistência em saúde apresenta-se como uma realidade nova para as equipes, contraponto ao modelo tradicional de organização vertical e hierárquica dos dispositivos de saúde, em que o encaminhamento de casos ocorre mediante transferência de responsabilidades e com precariedades na comunicação. O matriciamento proporciona uma construção compartilhada e integradora entre os profissionais das equipes de referência - eSF - e de apoio - NASF. Este estudo buscou conhecer os processos de construção do cuidado em saúde mental na ABS conforme a percepção de profissionais que atuam como matriciadores em um dos territórios do município do Rio de Janeiro. No levantamento dos dados, quatro psicólogas e quatro assistentes sociais participaram de entrevistas semiestruturadas individuais, conduzidas a partir de um roteiro de questões abertas elaborado para as finalidades da pesquisa. Foram investigadas suas percepções acerca do processo de matriciamento em casos de saúde mental na ABS, tais como características da construção do cuidado e modos de interação entre as equipes, bem como foram sondados os desafios, limites e possibilidades do apoio técnico do NASF. Os dados obtidos foram categorizados e analisados qualitativamente, de acordo com a perspectiva metodológica da Análise de Conteúdo de Bardin. Os principais resultados foram organizados em três eixos temáticos, a saber: aspectos conceituais e práticos que caracterizam o apoio matricial; práticas de apoio matricial da equipe NASF às equipes ESF e, por fim, percepções de processo e resultados do apoio matricial nos casos de saúde mental. O matriciamento foi caracterizado como oferta de apoio técnico e construção conjunta de ações de cuidado, bem como foi entendido como oportunidade de capacitação e fortalecimento das equipes de saúde e de melhoria dos serviços oferecidos à população. Sobre as práticas de matriciamento, as entrevistadas relataram e exemplificaram tipos e modos de demandas de saúde mental que as eSF apresentam ao NASF, esclareceram a dinâmica das interações entre as equipes, bem como apontaram dificuldades e desafios percebidos ao longo destas interações, como baixa disponibilidade, centralidade do cuidado e resistência às propostas de capacitação. No que concerne à avaliação de resultados do apoio matricial no âmbito da saúde mental, as profissionais destacaram a relevância e contribuições das ações do NASF, apontando seu papel estratégico e seus avanços. Enquanto aspectos que favorecem a construção do cuidado, foram referidas a atualização dos profissionais, carga horária ampla para este tipo de trabalho e número menor de equipes para matriciar. Por outro lado, foram sinalizados aspectos que limitam o matriciamento, sobretudo alta demanda de casos de saúde mental, quantidade alta de equipes para matriciar, rotatividade de profissionais e falta de apoio para a continuidade e conclusão dos atendimentos. O estudo possibilitou uma visão ampla e detalhada dos processos de matriciamento do NASF no trabalho junto às eSF, que se mostraram permeados por limites e desafios, mas também por avanços já reconhecidos na construção do cuidado em saúde mental.