Ideologia e significado do trabalho: o caso dos trabalhadores por conta própria

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Lima, Fellipe Coelho
Orientador(a): Bendassolli, Pedro Fernando
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/22039
Resumo: Com a reestruturação produtiva, adensou-se a heterogeneização do trabalho e, consequentemente, o crescimento do trabalho informal (assalariado sem registro e por conta própria). A alocação de trabalhadores nesse contexto é mediada pela ideologia, que corresponde às ideias que atuam sobre a práxis sociais dos indivíduos para a resolução dos conflitos sociais, que, por sua vez, alcançam as consciências individuais por meio dos significados. O objetivo dessa pesquisa é analisar as características da ideologia no trabalho informal a partir dos significados atribuídos ao trabalho por trabalhadores por conta própria. Realizou-se 12 entrevistas semiestruturadas com feirantes do Shopping de Pequenos Negócios do Alecrim (“camelódromo”), em Natal, Brasil, sendo o número de participantes determinado por saturação teórica. Analisou-se os significados do trabalho levantados com base no contexto biográfico dos participantes, a sua relação com o contexto social e a função ideológica que desempenham. Identificou-se que os participantes que trabalharam na infância, motivados pela sobrevivência da família, possuem mais de quatro experiências profissionais, tendo trabalhado como feirante anteriormente e se inserido em trabalhos formais precarizados. Estabelecem relações contraditórias de competição e cooperação entre os demais feirantes e não planejam interromper o seu trabalho em nenhum momento do futuro. Eles significam o trabalho como uma fonte de dinheiro e de ocupação do tempo, o trabalho assalariado como lugar de humilhação e o trabalho por conta própria como forma de realização de suas demandas. Esses significados concordam com as condições às quais esses sujeitos foram submetidos e com o modo como o trabalho é concebido no capitalismo (trabalho como fonte de renda e o centro das relações sociais). Eles desempenham três funções ideológicas: fixação dos trabalhadores nessa condição de trabalho, impedimento de construção de uma consciência de classe e crítica ao trabalho assalariado. É necessário que os organismos representativos dos trabalhadores atentem para as potencialidades dos trabalhadores por conta própria poderem integrar o campo de lutas mais amplo dessa classe.