Entre o sério e o cômico na fantasia distópica: uma análise das representações de herói, corpo e sociedade em Temporada dos Ossos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Silva, Rafael Oliveira da
Orientador(a): Alves, Maria da Penha Casado
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DA LINGUAGEM
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/46786
Resumo: A fantasia e a distopia parecem ter caído no gosto de leitores jovens por meio de livros como Harry Potter (1997) e Jogos Vorazes (2008). Ambos os livros apresentam uma maneira alternativa de representação da realidade, subvertem a cosmovisão oficial da vida e nos apresentam uma realidade carnavalizada, seja por meio da magia ou de um futuro distópico. Enquanto a fantasia traz o riso, a distopia traz o medo. Em Temporada dos Ossos (2016) somos apresentados a um mundo no qual a clarividência é real e alguns humanos possuem poderes, no entanto, toda o tipo de clarividência é proibida e o governo lança mão do controle da liberdade para manter a proibição. Estamos diante, portanto, do que chamamos nesta pesquisa de fantasia distópica, um gênero híbrido que funde traços da fantasia e da distopia, construindo, assim, o que parece ser um exemplar hipermoderno de um romance do gênero sério-cômico. A problemática da fantasia distópica decorre do embate entre o riso – que corrói a seriedade do mundo ao subvertê-lo de diferentes maneiras, por meio da fantasia – e o medo – que, ao contrário, busca solidificá-lo por meio da manutenção violenta do poder, na distopia. Ademais, reconhecemos que as representações de herói, corpo e sociedade da fantasia distópica diferem das comumente encontradas na fantasia e na distopia. Para ancorar tal posicionamento, o presente trabalho propõe, com base nos postulados do Círculo de Bakhtin, acerca de questões de gênero discursivo, gênero discursivo híbrido e carnavalização, uma análise dialógica da fantasia distópica como gênero que reconverte a fantasia e a distopia na hipermodernidade, como um gênero do sério-cômico, a partir do livro Temporada dos Ossos (2016), da autora inglesa Samantha Shannon. A pesquisa se insere na área mestiça, híbrida e indisciplinar da linguística aplicada e se ancora também num referencial teórico da filosofia, estudos literários e culturais a partir de trabalhos de Han, Hall, Canclini, Bauman e Matangrano. Metodologicamente, se desenvolve a partir de uma perspectiva qualitativo-interpretativista e utiliza o paradigma indiciário, proposto pelo historiador Carlo Ginzburg, para a obtenção dos dados. Os resultados apontam representações de herói, corpo e sociedade que inserem no heterodiscurso do romance de fantasia distópica elementos incomuns à literatura fantástica juvenil. Tais representações apresentam um teor carnavalizado que altera drásticamente a sua relação com o auditório e a oerientação social do romance de fantasia juvenil.