Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
Santos, Carine de Jesus |
Orientador(a): |
Souza, Cimone Rozendo de |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
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Programa de Pós-Graduação: |
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/54551
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Resumo: |
Esta pesquisa tem como objetivo analisar como se dá a participação das mulheres negras na Agroecologia, no contexto dos GTs de Mulheres da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA) e da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), a partir de uma abordagem decolonial e em diálogo com o feminismo interseccional. Os objetivos específicos são: 1) Analisar como a Agroecologia trata as pautas e as contribuições colocadas pelas mulheres negras que estão na construção desse campo do conhecimento, a partir dos GTs de Mulheres da ABA e da ANA; 2) Compreender como a intersecção, envolvendo as questões de raça, gênero, classe e outros marcadores, é tratada na Agroecologia e; 3) Refletir sobre os impactos da colonialidade na Agroecologia. Como estratégias metodológicas foram utilizadas a revisão sistemática de literatura e a revisão bibliográfica, além da realização de 10 entrevistas com participantes dos GTs mencionados. A pesquisa se embasou nas reflexões de Angela Figueiredo (2020), Aníbal Quijano (2005), Beatriz Nascimento (2021), Clóvis Moura (1983), Espinosa-Miñoso e Nadia Ziroldo (2022), Grada Kilomba (2019), Jurema Werneck (2010), Liliam Schwarcz (1994), Ochy Curiel (2019), Patricia Hill Collins (2020), Paula Balduíno de Melo (2010), Ramón Grosfoguel (2019), Sueli Carneiro (2003), Vivian Motta (2020), entre outros/as autores/as igualmente importantes. Apoiando-se neste arcabouço teórico, questionamos como a idealização e a naturalização da categoria mulher universal contribuem para o apagamento e o silenciamento das mulheres negras na construção desta área do conhecimento e observamos como as mulheres que sofrem com os processos de racialização têm agenciado/reivindicado seu lugar de enunciação nesse âmbito. Considerando que as mulheres envolvidas na construção da práxis Agroecológica reivindicam a visibilização e a valorização de sua participação e protagonismo, a questão racial ainda é silenciada, motivada por uma indignação narcisista branca, categoria nomeada por Cida Bento (2002), a qual nos associamos. Como resultado, percebemos que, embora a Agroecologia anuncie em seu discurso a proposição de um projeto de transformação social com vistas ao enfrentamento e à superação das desigualdades sociais, raciais e de gênero, em busca do bem-viver para o conjunto da sociedade, na prática, entretanto, o gênero assumiu um papel central nas narrativas. A luta que vem sendo travada pelo movimento feminista na Agroecologia avançou na compreensão da existência de uma diversidade de mulheres: camponesas, indígenas, asiáticas, quilombolas, rurais, entre outras, no entanto, o antirracismo ainda não se materializa necessariamente enquanto prática e permanece marginal, do ponto de vista das análises. Ainda assim, foi possível constatar nas falas das entrevistadas o reconhecimento da interseccionalidade como instrumento teórico-reflexivo importante, mas sem explorar o seu caráter político, resumindo-se a um apelo retórico. |