Stella Manhattan de Silviano Santiago e Onde andará Dulce Veiga? De Caio Fernando Abreu: dois romances homotextuais brasileiros

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Nascimento, Cyro Roberto de Melo
Orientador(a): Oliveira, Andrey Pereira de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DA LINGUAGEM
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/27726
Resumo: Na presente tese analisamos como a escrita homoerótica brasileira, a que chamaremos de homotextualidade, se reconfigura a partir dos anos 1960 e 1970. Neles, a emergência de novos sujeitos de direito, influenciados pelo rápido desenvolvimento urbano do país e seus valores culturais em transformação, vai permitir uma escrita sobre a homossexualidade a partir de um prisma até então inédito, em que os próprios sujeitos podem falar de seu desejo de forma aberta. Para nortear nossa análise, elegemos os romances Stella Manhattan (1985) de Silviano Santiago e Onde andará Dulce Veiga? (1990) de Caio Fernando Abreu, dois autores de grande repercussão entre crítica e público e cujas obras, mesmo escritas posteriormente, situam suas narrativas à época. Recorremos às ideias de Michel Foucault (1988) e Judith Butler (2000, 2013) sobre a sexualidade como um dispositivo historicamente demarcado e discursivamente instituído, rompendo com uma concepção do desejo e identidade dos indivíduos como algo previamente predeterminado por aspectos meramente biológicos. Essas concepções serão fundamentais para entendermos como a abordagem do homoerotismo varia entre épocas ao retratar sujeitos que se revelam muito diversos entre si. Recorremos também à ideia de entre-lugar do discurso latino-americano apresentada por Silviano Santiago (2013) para pensar como a identidade das personagens é marcada pela experiência do exílio e pelas trocas entre culturas distintas. Nessa complexa ligação, verificamos a possibilidade da escrita do homoerotismo e do desejo de liberdade de seus sujeitos dentro de uma sociedade que passou por profundas transformações ao longo de seu processo de modernização.