Resumo: |
Com foco na juventude urbana e muçulmana, o estudo trata da sociedade burkinabê (Burkina Faso), apreendida em seu contexto sociopolítico da África Ocidental, trazendo algumas informações essenciais, do ponto de vista histórico, desde a Idade Média até os dias atuais, como suporte de compreensão da situação econômica, social, cultural e política do país. A região islamizada, após o advento do islã no século VII, foi o cenário de uma corrente de reafirmação de uma identidade islâmica que marcou a África Ocidental Francesa desde sua independência e ao longo de todo o processo de sua descolonização. As reivindicações da juventude burkinabê denunciando as questões sociais que o país enfrenta no contexto da globalização oferecem muitos elementos para a compreensão das novas dinâmicas intelectuais que, baseadas na ética islâmica, se erguem contra a lógica neoliberal e defendem práticas cidadãs nos espaços públicos religiosos da África do Oeste. O islã é abordado enquanto uma epistemologia do saber que nutre, junto aos jovens burkinabê, a sua busca e a sua vontade de transmissão do conhecimento, não apenas religioso, mas também cultural, político, social e científico. Através da noção de cidadania cultural e de sua expressão no espaço público, trata-se, na presente tese, de interrogar-se sobre a definição das "origens", bem como das características da intelectualidade muçulmana em curso, no segmento jovem, na sociedade burkinabê. Por outro lado, trata-se igualmente de apreender esta mesma intelectualidade através de uma África devastada pela cobiça dos países do Norte, o que leva a questionar a configuração das relações no campo social e político, orientando assim as negociações entre a pluralidade dos atores em presença. |
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