Abordagem funcional centrada no uso da construção modalizadora [V1AUX + Prep + V2 INF]

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Santos, Líneker Trajano dos
Orientador(a): Bispo, Edvaldo Balduino
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DA LINGUAGEM
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/52740
Resumo: Neste trabalho, investigo a construção modalizadora [V1AUX + Prep + V2INF], que licencia types como tenho de reconfigurar, hei de ver, está para nascer, ficou de mandar, entre outros. Objetivo caracterizar essa construção formal e funcionalmente, considerando aspectos morfossintáticos, cognitivos e semântico-pragmáticos implicados em suas instâncias de uso. Para isso, ancoro-me nos pressupostos da Linguística Funcional Centrada no Uso, conforme Furtado da Cunha, Bispo e Silva (2013), Bispo e Lopes (2022), a qual incorpora contribuições da Gramática de Construções na linha de Goldberg (1995), Croft (2001), Traugott e Trousdale (2013) e outros. Em termos metodológicos, a pesquisa apresenta viés qualiquantitativo e possui natureza descritivo-explicativa. O banco de dados é composto de ocorrências retiradas do Corpus do Português on-line, mais especificamente da seção Web/Dialetos. Os resultados mostram que, nos padrões construcionais investigados, ficar, estar, ter e haver perderam suas características de verbo pleno, predicador, adquirindo funções de verbo auxiliar. No que concerne à frequência token, o padrão mais recorrente foi ter de + infinitivo, seguido por haver de, estar para e ficar de + infinitivo. Em relação aos aspectos funcionais, verifiquei que os sentidos veiculados pela construção estão relacionados a noções de obrigação, necessidade, compromisso e volição, ligados, na maioria dos casos, à modalização deôntica. No entanto, alguns usos de haver de, estar para e ficar de + infinitivo se alinham à modalização epistêmica. Constatei, ainda, que o compartilhamento de espaços funcionais entre os padrões ter de + infinitivo e haver de + infinitivo limita-se a alguns contextos de uso, relativos à expressão de necessidade/obrigação. Ademais, todos os subesquemas investigados apresentaram variabilidade semântica quanto ao preenchimento do slot V2. No que concerne aos aspectos cognitivos subjacentes às instâncias de uso dos subesquemas sob enfoque, os resultados apontam para a presença de diferentes configurações via perspectivação conceptual nos usos diversos de cada padrão e para projeções metonímicas e metafóricas recorrentes nos construtos analisados. No que diz respeito aos processos sociointeracionais, há um continuum entre os vieses subjetivo e intersubjetivo em cada padrão construcional investigado, em que o mesmo type construcional pode apresentar multifuncionalidade em diferentes contextos de uso. Outrossim, algumas amostras de ter de, haver de, estar para e ficar de + infinitivo se alinham a atos de fala específicos e a seus respectivos efeitos perlocucionários, enquanto outros instanciam atos de fala indiretos. A rede construcional de que os subesquemas fazem parte é encabeçada pelo esquema mais geral que intitula o trabalho - [V1AUX + prep + V2INF] - , e os padrões construcionais por ele licenciados são caracterizados como parcialmente esquemáticos, com alta produtividade e composicionalidade intermediária.