Epigenética, biologia e saberes da tradição: uma ética para as ciências e para a vida

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Freire, Carlos Eduardo Campos
Orientador(a): Almeida, Maria da Conceição Xavier de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/57606
Resumo: A vida existe e acontece a partir de um conjunto variado de interrelações e interdependências, de modo que a definir apenas a partir daquilo que é esquadrinhado, observável e manipulável em laboratório constitui um tipo de reducionismo que serve muito mais à confirmação de pressupostos teórico-epistemológicos da Biologia enquanto disciplina do que à descrição do que de fato significa viver e ser vivo. Sendo assim, em nome de uma compreensão mais adequada da realidade e na busca por elaborar discursos que reconheçam suas debilidades para evitar falsas autossuficiências, torna-se necessário ampliar as perspectivas a fim de conceber e reconhecer a importância de elementos que escapam do controle institucional e disciplinar das técnicas científicas. A esse compromisso de ampliar o repertório interpretativo e discursivo esta tese se dedica, de sorte a criticar o determinismo característico das Ciências Biológicas e oferecer alternativas a esse determinismo a partir das reflexões suscitadas pela epigenética, um ramo de estudos, pesquisas e produções relativamente recente na história da Biologia, cujo surgimento e cuja consolidação na comunidade acadêmica confrontou os paradigmas teóricos que antes eram tratados como definitivos. Para esse ramo de estudos, os seres vivos e suas particularidades são definidos tanto por aspectos internos quanto por múltiplos aspectos externos, ou seja, os organismos vivos se constituem a partir de correlações entre ambiente e ambiência, entre condições de sobrevivência e características individuais, de modo que cada um desses termos é tanto mais causa quanto efeito dos modos de vida e das feições que cada ser vivo possui. Ao fazer essa discussão, este trabalho apresenta os marcos históricos e os principais pressupostos da Biologia e da epigenética para demonstrar as aberturas possíveis que esta última possibilita à racionalidade da primeira. Nesse sentido, o texto elabora uma revisão bibliográfica sobre os temas e apresenta seus expoentes, discute suas ideias e as tensiona no intuito de compor um panorama geral dos temas e das questões mais importantes que envolvem esses campos do conhecimento, utilizando figuras e gráficos para ilustrar cada um dos pontos sustentados. Além da revisão bibliográfica, esta pesquisa também recorreu aos saberes da tradição como experiência fundamental para se relacionar e compreender melhor a natureza e aquilo que vive. Esses saberes, nesta tese, foram representados por Francisco Lucas da Silva e por sua íntima relação com a Lagoa do Piató, em Assú, no Rio Grande do Norte. Por meio de descrições do cotidiano e de transcrições de práticas e saberes, foi possível concluir que na natureza só existe o complexo, ou seja, aquilo que é formado por muitas partes que, mesmo distintas, interligam-se, de sorte que todas as coisas que podem ser apresentadas como simples são, na verdade, dados simplificados e fragmentados da realidade. É necessário, portanto, reformar o pensamento para atender às necessidades de mudanças éticas e políticas. Por isso, mais do que uma contribuição teórica, esta tese, tendo como referência as Ciências da Complexidade, propõe agendas para outra maneira de pensar, ser e compreender.