Espaço de vida e declínio cognitivo em idosos de diferentes contextos sociais e econômicos: resultados longitudinais do estudo IMIAS

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Caldas, Vescia Vieira de Alencar
Orientador(a): Guerra, Ricardo Oliveira
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso embargado
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/30986
Resumo: Os aspectos socioeconômicos, socioculturias e psicossociais podem influenciar a função cognitiva de idosos que vivem na comunidade. O uso restrito do espaço de vida também pode estar relacionado com a função cognitive nos idosos. Nós examinamos a relação longitudinal entre a mobilidade e uso de espaço de vida, e as mudanças na função cognitiva entre idosos residentes na comunidade. Para isso, foram avaliados idosos residentes em países de diferentes contextos sociais da America do Sul e do Norte, além da Europa. O objetivo do estudo foi analisar a mobilidade e uso do espaço de vida como preditores de declínio cognitivo em idosos residentes na comunidade. O International Mobility in Aging Study (IMIAS) é um estudo longitudinal de base populacional, multicêntrico e multidisciplinar, que investiga o declínio da mobilidade em idosos, considerando a perspectiva da epidemiologia do curso de vida para explicar a interação dos diversos aspectos envolvidos. A amostra é composta por idosos residentes em cinco cidades diferentes: Tirana (Albania), Natal (Brasil), Manizales (Colômbia), Kingston and Saint-Hyacinthe (Canadá). A amostra foi desse estudo foi composta por 1486 idosos, entre 65 e 74 anos. Foram excluídos da amostra os idosos que apresentaram declínio cognitivo grave, que obtiveram menos de 4 pontos na avaliação de orientação da Prova Cognitiva de Leganés. Para análise da relação entre a cognição e o uso do espaço de vida foi utilizada uma regressão quantílica (RQ). A análise avaliou os fatores relacionados a função cognitiva em 2016, através do ajuste do escore obtido em 2012. Para essa análise foram feitos dois modelos: um modelo inicial com caraterísticas socioeconômicas, de arranjos de vida e suporte social; e um segundo modelo com as mesmas variáveis anteriores adicionando medidas de desempenho físico, sintomas depressivos e condições crônicas (grupo de váriavéis clínicas). O uso do espaço de vida foi avaliado através do Life-Space Assessment (LSA) aplicado na linha de base (2012). Para a análise no modelo de RQ, o escore obtido na escala foi transformado em uma variável categórica, com cinco categorias, onde as maiores pontuações correspondem a maior uso do espaço. A Prova Cognitiva de Leganés (PCL) foi utilizada para avaliar a função cognitiva na linha de base e no follow-up (2016), através da utilização de uma variável contínua, correspondente ao escore total obtido na escala. As mulheres apresentaram uso mais restrito do espaço de vida em relação aos homens (p <0,001), e essas diferenças de gênero estavam presentes em todos os locais de pesquisa. A diferença de gênero se torna ainda mais evidente de nas categorias limítrofes do LSA (categorias I e V). A maioria das mulheres foi classificada na categoria I (p <0,001) e essa diferença de gênero foi maior nas localidades fora do Canadá. Foi observado declínio na função cognitva dos idosos em todas as cidades, exceto em Manizales. Os participantes que usavam menos o espaço de vida na linha de base apresentaram declínio significativo na função cognitiva no follow-up (β=-0.79, 95% CI: -1.400 to - 0.18, p-value<0.01), quando comparados aqueles com maior uso do espaço. Essa diminuição foi independente do gênero, idade, cidade, educação, renda insuficiente, suporte social, depressão, função cognitiva na linha de base, condições crônicas e performance física. A restrição no uso do espaço de vida é um fator de prognóstico importante da função cognitva. Encorajar e manter o espaço de vida deveria ser uma meta nas políticas públicas que incentivam o envelhecimento saudável, e pode ser útil na prática clínica na promoção do estado de saúde, e monitoramento dos idosos com maior risco de declínio cognitivo.