O grau de educação se mede pelo uso do sabão: a criança e o projeto médico social da primeira república em NatalL/RN (1892-1922)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Ferreira, Yuma
Orientador(a): Menezes, Antônio Basilio Novaes Thomaz de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/27947
Resumo: A presente pesquisa analisa o processo de conformação do saber médico higienista como um saber capaz de educar a criança, estando o mesmo no cerne da elaboração do projeto de educação das primeiras décadas do regime republicano. Interessa-nos a compreensão de como este saber foi ganhando corporeidade dentro da cidade de Natal/RN, legitimando-se como um saber capaz de forjar um “novo homem” – escolarizado, ordeiro, livre de vícios e apto para o trabalho. Tal ideal humano dialogava, de maneira direta, com os anseios de uma elite intelectual local que traçava na cena urbana os caminhos a serem percorridos para alcançar o mesmo grau de civilidade e desenvolvimento dos países considerados símbolos de uma modernidade positiva e científica. Neste projeto, a criança fora tomada como foco de intervenções variadas que atuavam nas suas vidas desde o espaço público da rua, até a privacidade dos lares, a partir da idealização de uma identidade que tinha na plasticidade, física e mental, sua principal característica, o que tornava a criança um indivíduo propenso à transformação. A escolha por um recorte de caráter local, a cidade de Natal/RN, procurou possibilitar a compreensão das especificidades de um projeto educacional próprio, mas que também dialogava com outras realidades mais amplas, em maior ou menor medida. Como recorte temporal desta pesquisa, adotamos a criação da Inspectoria de Hygiene Pública como marco inicial (1892), uma vez que tal instituição constituiu-se como espaço normativo da prática médica, ganhando legitimidade para intervir em amplos aspectos da vida social. O marco final coincide com a publicação do livro “Inspecção Médico-Escolar” do Dr. Alfredo Lyra. Publicada em 1922, a obra buscava dar embasamento científico e técnico para a realização das inspeções sanitárias nas escolas subvencionadas pelo Estado, em especial, os Grupos Escolares. Tais inspeções foram responsáveis por construir para cada escolar um inventário minucioso acerca das condições de saúde - física e mental – dos alunos norte-riograndenses, além de atuarem como critério de classificação das crianças em tipos capazes e inaptos à transformação civilizadora via educação escolar. As noções de Representação e Prática propostas por Roger Chartier, constituemse como categorias de análise centrais nesta pesquisa por possibilitarem o entendimento das tensões sociais que colocavam em movimento os jogos de poder entre aqueles que buscavam impor, de maneira coercitiva ou negociada, um modelo civilizacional estrategicamente construído a partir da criação de um homem pedagogicamente modificado. As fontes utilizadas nesta pesquisa são de caracteres variados sendo compostas por documentos oficiais legais, como leis, decretos, regimentos e regulamentos; escritos memorialísticos; conferências públicas; imagens e recortes de jornais.