Engajamento coletivo na Primavera Secundarista: a ocupação da Escola Estadual José Lins do Rego

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Martins, Jonathan Alves
Orientador(a): Queiroz, Maria Aparecida de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/30074
Resumo: Esta pesquisa teve por objetivo compreender o movimento de ocupação de unidades escolares realizado por estudantes contra a “Medida de Reorganização” da rede estadual de ensino que o governo de São Paulo tentou implantar em novembro de 2015. O campo empírico desta análise é a ocupação da escola estadual José Lins do Rego e foram suscitados questionamentos sobre se essa mobilização expressou uma luta particular de estudantes secundaristas frente às políticas de educação impostas pelo Estado paulista ou se, de fato, se constituiu na defesa por uma escola pública, gratuita e democrática com participação popular nas decisões administrativas e pedagógicas da escola. Na análise deste objeto de estudo tomou-se o materialismo histórico e dialético como abordagem teórica e metodológica. Adotou-se como procedimentos de pesquisa: revisão da literatura especializada disponível em teses, dissertações, capítulos de livros e artigos acadêmico-científicos; análise documental: em leis, decretos, relatórios, atas e pautas elaboradas por ocasião da ocupação. Realizou-se entrevistas semiestruturadas com estudantes e professores que participaram do movimento conhecido como primavera secundarista e, à luz do método documentário, analisou-se registros fotográficos que permitiram apreender a visão de mundo dos sujeitos por meio da análise do habitus coletivo. No curso da investigação, identificou-se que o engajamento coletivo insurgiu ante a crítica à política adotada pelo governo estadual e também se tornou uma forma propositiva ao se aplicar à realidade da escola ocupada os ideais de educação dos sujeitos ali engajados. As imagens fotográficas analisadas são reveladoras da forma como o Estado brasileiro e, aquele em particular, atua em situações de contraponto ou de conflito, não dialogando, mas, por meio da repressão e com apelos judiciais à reinvindicações populares, de modo particular, no campo da educação. Constatou-se, ainda, que o movimento se configurou para além de denúncias, pois, os estudantes e os demais membros da escola José Lins do Rego deram prova de que, a despeito da violência policial ali instaurada, o autoritarismo não é plenamente triunfante. Ele pode desfazer-se sob a forma de resistência de quem constrói, luta e difunde um projeto de sociedade, de educação e de escola para a transformação social. Isso porque, ao discordarem do modelo de educação vigente – opressor e alienante –, as pessoas, em especial os estudantes engajados deram vida a uma práxis educativa coletiva e horizontal. A escola na qual estudavam e trabalhavam ficou identificada como espaço público educativo e a ela foram atribuídos novos significados, tornando aquele um momento histórico na formação da consciência de classe dos sujeitos que vislumbraram à transformação da realidade por meio de ações coletivas.