Viver e esperar viver: corpo e identidade na transição de gênero de homens trans

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Rego, Francisco Cleiton Vieira Silva do
Orientador(a): Porto, Rozeli Maria
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ANTROPOLOGIA SOCIAL
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/20730
Resumo: Esta pesquisa busca entender como homens trans constroem suas identidades e vivenciam a experiência transexual nas relações que estabelecem cotidianamente para entrada na categoria homem . Foi possível perceber que para isso engendram uma transição de gênero específica em meio a transexualidade masculina. Apesar de estarem sob um amálgama complexo de relações de exploração e dominação disciplinares, formas de ser homem são agenciadas para uma vivência e entrada nos espaços onde são expulsos por não conformarem os corpos que as normas de gênero demandam. Compreende-se que a transição de gênero é um processo ao mesmo tempo de manejo orgânico e protético do corpo e de assunção da própria identidade. Com isso, constroem uma política de identidade que fixa criativamente uma categoria de pessoa detentora de direitos. A transição trata, portanto, de transicionar de uma inexistência a um lugar de humanidade. A dissertação descreve como esse processo se realiza nas experiências dos interlocutores, observando as práticas de fazer emergir o masculino diante de posições de classe quanto ao mercado de trabalho, ao acesso a saúde, a hormornização e a própria identidade. Desse modo, teorias que os fixem como expressando masculinidades femininas ou marginais à hegemonia não encontram exatidão em suas vidas. A pesquisa partiu metodologicamente da realização de etnografias multissituadas em diferentes meios que deram espaço a entrevistas em profundidade com 14 interlocutores provenientes do Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil. Entre os anos de 2014 e 2015, partindo da aplicação de técnica de rede às primeiras interlocuções em pesquisa, pôde-se construir uma observação participante junto ao cotidiano de homens trans, de suas atividades privadas, públicas em meio a um coletivo de ativismo trans no Nordeste, e ao acompanhamento de ações nas quais estiveram envolvidos durante o XII Encontro Nacional em Universidades de Diversidade Sexual e de Gênero (ENUDSG) realizado em Mossoró/RN. Dessa forma, o trabalho tenta descrever e compreender as diferentes formas de construir as transições de gênero de homens trans no acesso à transexualidade e, portanto, a uma forma de explicar as próprias trajetórias em termos de pessoas que existem enquanto tais, em meio a narrativas marcadas por emoções ligadas ao não viver , ao sofrimento e desumanização.