Poder, mídia e discurso na "canonização" do cangaceiro Jararaca

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Rosado, Cid Augusto da Escóssia
Orientador(a): Silva, Marluce Pereira da
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DA LINGUAGEM
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/44888
Resumo: A tese aborda enunciados relativos ao cangaceiro José Leite de Santana, o Jararaca, que, depois de ser preso e executado por policiais, no episódio do ataque frustrado do bando de Lampião a Mossoró-RN, em 1927, passou a ser visto como milagreiro, sobrepondo-se aos guerreiros mossoroenses na memória do lugar. São acontecimentos que se perpetuam no tempo e no espaço, interligados pela tradição da resistência aos bandidos e pelos fios condutores da comunicação e da circulação do poder na sociedade. As rupturas que propiciaram tal fenômeno motivam este trabalho cujo objetivo é analisar discursividades que produzem sentidos acerca de como os heróis da cidade foram relegados ao anonimato e José Leite de Santana transformado em santo popular. Consiste, para tanto, em uma pesquisa de natureza qualitativa inserida na Linguística Aplicada Indisciplinar (MOITA LOPES, 2006), com análise documental centrada em um corpus formado por matérias jornalísticas veiculadas em 1927, 1977 e 2017. A base teórica parte dos estudos da linguagem, com Foucault (1987, 1988, 2004, 2005, 2006, 2007a, 2007b e 2013), de quem são extraídos conceitos e procedimentos relacionados ao método da Análise do Discurso, ao poder, à resistência e à ostentação dos suplícios; envolve teorizações sociais e da história, recorrendo a Hobsbawm (2010), Fernandes (2009), Silva (2007b), Pericás (2010) e Falcão (2013) para entender o banditismo no Nordeste; e busca, no campo da comunicação, especialmente em Sousa (2004), Traquina (2001, 2005), Thompson (2004), Charaudeau (2006), Wolf (2003) e Kellner (2001), pistas para interpretar o papel da mídia na transformação do criminoso em fazedor de milagres. A conclusão a que se chega é a de que o Jararaca que habita o imaginário de Mossoró-RN não é aquele homem capturado e morto, e sim uma figura idealizada e “canonizada” no conjunto de discursividades sobre ele.