Classes sociais e eleições presidenciais no Brasil contemporâneo (2002-2010)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Ribeiro, Gustavo César de Macêdo
Orientador(a): Oliveira, João Emanuel Evangelista de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/19882
Resumo: O presente trabalho objetiva analisar, em termos de classe, a composição social do eleitorado das candidaturas presidenciais do Partido dos Trabalhadores nas eleições de 2002, 2006 e 2010. Tal objeto de pesquisa é construído a partir de um debate crítico preliminar com os estudos eleitorais brasileiros recentes, especialmente da literatura sobre a influência dos programas sociais sobre o voto e das formulações de Singer acerca do fenômeno do lulismo. Incorporando avanços e apontando lacunas de tais esforços de pesquisa, é formulado um roteiro de investigação empírica composto por três elementos fundamentais - a medição das dimensões da estrutura de classes do capitalismo brasileiro; a observação dos interesses materiais relacionados aos postos constituintes de tal estrutura; a elaboração de medidas de associação entre a inserção em grupamentos classistas e o comportamento eleitoral individual. Com base na abordagem neomarxista de análise de classe, especialmente a partir das formulações de Wright, elabora-se uma adaptação da tipologia de classes formulada por tal vertente (principalmente da versão elaborada por Santos ao caso brasilei ro) aos dados disponibilizados pelos bancos de dados dos Censos Demográficos de 2000 e 2010. Tal construto teórico revela que, no período considerado para a análise, a estrutura de relações classistas no Brasil se tornou mais proletarizada e, consequentemente, contou com uma diminuição das dimensões dos postos de classe “destituídos”. Em acréscimo, verificou-se, em relação aos interesses objetivos classistas, incrementos difusos de bem-estar econômico que permitiram avanços, no que concerne às condições materiais do proletariado, sem, todavia, incorrer em perdas às posições de classe privilegiadas. Tais mudanças na esfera estrutural incidiram de formas diversas sobre a arena política. Com base em uma adaptação à analise eleitoral do conceito de “formação de classe”, também formulado por Wright, além do recurso a técnicas de inferência ecológica (especialmente as propostas por King e associados), foi possível elaborar um panorama do voto de classe no período estudado. Como principais resultados, foram identificados três padrões gerais de comportamento eleitoral individual, relacionados a cada um dos três grupamentos classistas analisados - a contraposição às candidaturas petistas, por parte dos eleitores em localizações de classe privilegiadas; a adesão, recorrente ao longo de todo o período estudado, dos trabalhadores às candidaturas Lula e Dilma Rousseff; uma guinada eleitoral favorável àquelas candidaturas, empreendida pelos eleitores economicamente destituídos, a partir da eleição de 2006.