Efeitos cascata da caça na comunidade de vertebrados e plantas em florestas da Amazônia Ocidental

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Scabin, Andressa Bárbara
Orientador(a): Peres, Carlos Augusto
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/30787
Resumo: A caça representa uma das maiores ameaças aos animais silvestres em todo o mundo e têm causado declínio populacional acentuado de grandes vertebrados nas florestas tropicais. A implicação desse declínio pode ser imensa, uma vez que espécies mais intensamente caçadas estão geralmente envolvidas em processos chave da dinâmica florestal que inclui a dispersão e a predação de sementes. A defaunação promove ruptura dessas interações planta-animal essenciais para a regeneração florestal o que pode comprometer a manutenção da diversidade vegetal e de serviços ecossistêmicos. Esta tese explora os efeitos cascata da defaunação na comunidade de vertebrados e de plantas utilizando um gradiente de pressão de caça na região do Médio Juruá na Amazônia ocidental brasileira. No primeiro capítulo analisamos os efeitos diretos e indiretos da caça na comunidade de mamíferos e aves. Para isso estimamos a biomassa dos vertebrados, utilizando armadilhamento fotográfico no sub-bosque e no dossel da floresta em 30 sítios distribuídos ao longo do gradiente de caça. As florestas sobre-caçadas apresentaram mudanças na estrutura de tamanho da comunidade com o declínio na biomassa de espécies sensíveis à caça e aumento da abundância de roedores noturnos, possivelmente relacionado a um mecanismo de compensação de densidade. O segundo capítulo aborda o efeito cascata de defaunação sobre a composição funcional da floresta. Neste capítulo, comparamos os traços funcionais de árvores e arvoretas inventariadas em 30 parcelas de 0.25 hectare (=7.5 ha) e 0.05 hectare (=1.5 ha) respectivamente, estabelecidas ao longo do gradiente de caça para testar a hipótese de diminuição dos traços funcionais de espécies de árvores dispersas por grandes vertebrados. Nossos resultados indicaram uma modesta diminuição na abundância de espécies de arvoretas comparadas com árvores co-específicas dispersas por animais caçados e aumento na prevalência de arvoretas de espécies com dispersão abiótica. Contudo, esse efeito não refletiu no padrão funcional da comunidade para os traços contínuos de densidade de madeira, massa foliar/área (LMA) e massa da semente. No terceiro capítulo utilizamos dados dendrométricos do inventário florestal e amostragem de densidade de madeira, para estimar o estoque atual e futuro de carbono, com o objetivo de avaliar o potencial impacto da caça nesses estoques. Dentre as 30 parcelas analisadas, 22 tiveram uma previsão de perda de carbono para o futuro, sendo que a média estimada de perda foi de 2.2 MgC ha-¹. Para as duas unidades de conservação (Ucs) localizadas na paisagem estudada a perda projetada total foi de 1.560 MgC. Considerando os valores monetários no mercado internacional de carbono, essa diminuição projetada no estoque de carbono das Ucs foi valorada entre US$15.6 e US$120 milhões.