Memórias escolares e trajetória de vida de pessoas com deficiência visual à luz da Teoria da Autodeterminação

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Alves, Gislene de Araújo
Orientador(a): Paiva, Marlucia Menezes de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/32763
Resumo: A tese apresenta os principais fatores motivacionais da pessoa com deficiência visual ao longo de sua trajetória escolar e nas diferentes dimensões formativas. Nesse sentido, buscamos compreender quais são as relações e inter-relações escolares constituintes do processo de formação pessoal e profissional que propiciam o desenvolvimento das necessidades psicológicas básicas (autonomia, competência e pertencimento ou vínculos sociais). Como material empírico, trabalhamos com as narrativas autobiográficas, que foram recolhidas através de entrevistas com cinco participantes, adultos, com deficiência visual, cegos e/ou com baixa visão e com formação em nível superior. Para a análise interpretativa das narrativas autobiográficas, utilizamos a Teoria da Autodeterminação de Ryan e Deci (1985; 2000; 2017), identificando as necessidades psicológicas básicas (autonomia, competência e pertencimento), em que analisamos os principais fatores motivacionais identificados nas memórias dos participantes. Neste estudo, reconhecemos as memórias escolares e trajetórias de vida como campo fértil, o qual nos faz compreender e refletir sobre a relevância das relações socioeducativas para a vida da pessoa com deficiência visual. Além disso, nos indicam que a pessoa com essa deficiência elabora estratégias de autoaprendizagem, capazes de fortalecer os níveis de autonomia, competência e pertencimento nas suas relações sociais ao longo da vida e, principalmente, ao longo da vida escolar. Durante as análises, percebemos que as narrativas autobiográficas das memórias possuíam uma organização estrutural, o que nos remeteu aos estudos de Labov (1972) e nos inspirou a revelar essas organizações. Através da identificação estrutural das narrativas, observamos a existência de quatro categorias dominantes: a família, a escola, a deficiência e a profissão. Algumas narrativas apresentam atos narrativos que trazem memórias com reminiscência parental (origem) e memórias intrínsecas (experiências vividas pelo narrador). A deficiência, mesmo aparecendo na origem da narrativa, torna-se o principal fator complicador e passa por transições avaliativas do narrador, até chegar ao ponto das resoluções (conjunto de eventos associados ao fator complicador). Conclui-se que a pessoa com deficiência possui diversos fatores motivacionais com vistas à superação dos desafios enfrentados ao longo da vida escolar/acadêmica e profissional, sendo a família a principal fonte de apoio de manutenção das motivações e sentidos de autonomia e competência; depois, surge o ambiente escolar como ambiente provedor do sentido de pertencimento e da ampliação dos vínculos sociais, seguido da vida acadêmica em nível superior, trazendo os desafios de acessibilidade e de adaptação que auxiliaram no desenvolvimento de estratégias para a manutenção da motivação do sujeito em relação a si mesmo e ao curso. Por último, vem a chegada à carreira profissional, no qual identificamos a escolha pela profissão através da motivação extrínseca identificada e/ou motivação extrínseca introjetada. Observamos que os limites e preconceitos sobre a deficiência visual e os sentidos de autonomia, competência e vínculos sociais impulsionaram os sujeitos deste estudo a alcançarem suas realizações pessoais e profissionais.