Velhice e ironia em contos de Dalton Trevisan e Clarice Lispector

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Costa, Joice Marques Ribeiro
Orientador(a): Santos, Derivaldo dos
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DA LINGUAGEM
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/24186
Resumo: Este trabalho pretende analisar, na ficção de Dalton Trevisan e de Clarice Lispector, particularmente os contos Clínica de Repouso, 92, Feliz aniversário e Viagem a Petrópolis, a representação da velhice, procurando identificar, comparativamente, tanto a semelhança quanto as singularidades das obras, no que tange à problemática da velhice mediante a ideologia da realidade social moderna e o modo como a literatura internaliza-a. O trabalho procura mostrar que a literatura também assume uma função social, na medida em que estimula o leitor para uma maior percepção do mundo e de si mesmo, dando destaque as características irônicas dos contos em estudo para dar ênfase ao tema discutido. Para discutir a representação da velhice, o presente estudo toma como principais referências o pensamento de Simone Beauvoir em A velhice (1990) e Ecléa Bosi em Memórias e Sociedade, Lembranças de Velhos (1994). Para discutir a questão em torno das relações entre literatura e sociedade, ficção e realidade, tomamos como teoria as reflexões de Antonio Candido, presentes principalmente no livro Literatura e Sociedade (2006), o pensamento de Raymond Williams em Cultura e Materialismo (2011) e Pável Nikoláievich Medviédev, em O método formal nos estudos literários: introdução crítica a uma poética sociológica (2012). No que tange as marcas ou dimensões irônicas dos contos, analisar-as-emos sob à luz dos conceitos de Soren Kierkegaard em O conceito de ironia: constantemente referido a Socrátes (2013) e Bete Brait em Ironia em perspectiva polifônica (2008). A discussão compreende o modo como a sociedade industrial, sendo guiada pelo prisma da aceleração e do capital tecnológico, transforma o velho em sinônimo de decadência, colocando-o à margem desse novo desenvolvimento. O idoso, na contemporaneidade, reflete olhares e perspectivas de análise social, que estão pautadas dentro da categoria trabalho, e, diferentemente das sociedades ocidentais modernas, nas sociedades tradicionais é visto como ente conhecedor e responsável maior pela experiência adquirida e acumulada a ser transmitida a gerações futuras. Os contos analisados, Clínica de Repouso, 92, Feliz aniversário e Viagem a Petrópolis, revelam a incorporação dos maus tratos e a falta de respeito para com os mais velhos, fazendo-nos refletir acerca da realidade social moderna, assunto caro à sociedade.