Letramento e educação escolar indígena: análise de uma experiência descolonial

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Pereira, Dayveson Noberto da Costa
Orientador(a): Oliveira, Maria do Socorro
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DA LINGUAGEM
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/27634
Resumo: Muitos desafios são enfrentados, cotidianamente, pelos índios brasileiros em suas comunidades. No âmbito da educação escolar, em especial, um dos maiores problemas consiste na interferência do currículo hegemônico – reproduzido largamente entre as instituições de ensino de todo o país – nas práticas pedagógicas de professores e alunos indígenas. Na contramão da homogeneidade e da inflexibilidade curricular, esses professores não têm medido esforços para construir, nas escolas em que atuam, uma educação específica, diferenciada, intercultural, bilíngue/multilíngue e comunitária, que esteja de acordo com as crenças e os costumes de seu grupo e que atenda às suas reais necessidades. Dentre as alternativas que se adequam a essa realidade, sugerimos os projetos de letramento (KLEIMAN, 2000), compreendidos nesta pesquisa como um dispositivo didático que considera a prática social como eixo organizador do ensino. Concentrado na Linguística Aplicada, área transgressiva na teoria e na disciplinaridade (PENNYCOOK, 2006), este estudo, de natureza qualitativa-interpretativista e de viés etnográfico, tem como objetivo geral investigar os impactos de um projeto de letramento desenvolvido, de forma colaborativa, em uma escola pública do Amarelão, comunidade tradicional norte-rio-grandense constituída, etnicamente, por índios Potiguara. Para tanto, tomamos como objeto de análise as práticas de leitura, escrita e fala nele suscitadas. Como subsídio teórico, amparamo-nos, sobretudo, nos Estudos de Letramento (GEE, 1998; BARTON & HAMILTON, 2000; STREET, 1984; JANKS, 2010; KLEIMAN, 1995; OLIVEIRA, TINOCO & SANTOS, 2014); na Pedagogia Crítica (MCLAREN, 2005; GIROUX, 2003; APPLE, 1993; FREIRE, 1967), com foco na Pedagogia Vermelha (GRANDE, 2004); e nos Estudos Pós-Coloniais e Subalternos (BHABHA, 1998; WOODWARD, 2005; SAID, 1990; SPIVAK, 2010; WEEDON, 2004; HALL, 2005). Os dados gerados no decorrer das ações nos permitem afirmar que os projetos de letramento, em harmonia com os documentos oficiais que atualmente regem a educação escolar indígena, a exemplo do Referencial Curricular Nacional para as Escolas Indígenas (RCNEI), configuram-se como uma prática social que, ao invés de reproduzir silenciamentos, oportunizam aos alunos indígenas agirem com/sobre/para sua cultura.