Perfil epidemiológico da infecção por Trypanosoma cruzi em regiões de vulnerabilidade do Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Sampaio, George Harisson Felinto
Orientador(a): Galvão, Lucia Maria da Cunha
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/54539
Resumo: Introdução: A disseminação da infecção por Trypanosoma cruzi está diretamente relacionada à sua forma de transmissão, e as ações de controle primordiais são aquelas que impeçam ou dificultem o contato do parasito com os seres humanos e animais domésticos. Portanto, torna-se essencial o entendimento das características socioepidemiológicas de cada região, para que sejam estabelecidas medidas de controle específicas a cada ciclo de transmissão do parasito. Objetivo: Determinar o perfil epidemiológico de indivíduos com suspeita de doença de Chagas aguda no Norte do Brasil e avaliar o controle entomológico dos vetores de T. cruzi em área endêmica do estado do RN. Métodos: O perfil epidemiológico de indivíduos com suspeita de doença de Chagas aguda (DCA) foi avaliado no município de Breves, estado do Pará (PA), Brasil. Os dados obtidos pela Secretaria Municipal de Saúde foram utilizados no período de 2007 a 2017 e analisados por meio de estatística descritiva simples.Os dados entomológicos da mesorregião Agreste do estado do Rio Grande do Norte (RN), disponibilizados pela Secretaria de Estado da Saúde Pública, referente ao período de 2005 a 2015, também foi analisado. Avaliou-se a busca ativa de triatomíneos nas unidades domiciliares (UDs) e o controle químico de vetores nos domicílios infestados. A análise quantitativa de UDs pesquisadas sobre os indicadores entomológicos foi realizada com o teste de regressão linear de efeitos aleatórios (p<0,05). Resultados: Um total de 265 indivíduos foi notificado como casos suspeitos para DCA, dos quais 64,1% (170/265) tiveram confirmação laboratorial para a infecção chagásica. A análise do perfil epidemiológico desses indivíduos, demonstrou que a maioria deles era do sexo masculino (54,7%-145/265), com faixa etária entre 1 a 39 anos (71,3%-189/265), baixo nível de escolaridade (74,4%-197/265) e residentes na zona rural (58,9%-156/265) e urbana (37,7%- 100/265). A principal via de transmissão de T. cruzi foi a oral (98,1%- 260/265), provavelmente por meio do consumo de açaí contaminado com formas viáveis do parasito. A contaminação ocorreu principalmente no ambiente domiciliar (96,2%-255/265) com maior incidência entre os meses de agosto a dezembro. Na mesorregião agreste do RN, 92.156 UDs foram investigadas e a presença de triatomíneos foi registrada em 4.639 (5%). Apenas 53,1% (2.463/4.639) das UDs infestadas foram submetidas ao controle químico. Além disso, houve diminuição da quantidade total de UDs pesquisadas ao longo do período associada ao aumento no índice de colonização intradomiciliar (p = 0.004). Um total de 4.653 espécimes de triatomíneos foram capturados e as espécies registradas foram Triatoma brasiliensis (n = 1.569), Rhodnius nasutus (n = 741) e Panstrongylus lutzi (n = 568), com índice global de infecção por T. cruzi de 2,2% (90/4.104). Conclusões: Os resultados demonstraram que a transmissão oral de T. cruzi tem se tornado cada vez mais elevada na região Norte do Brasil, evidenciando a necessidade de implementar ações dirigidas à educação em saúde como estratégias para garantir a melhoria das práticas de manipulação de alimentos in natura. Além disso, verificou-se que a vigilância entomológica em áreas do RN tem sido descontinuada e, os dados sinalizam para necessidade de políticas públicas mais efetivas e contínuas, principalmente em relação ao controle químico de vetores, evitando a exposição de seres humano e animais domésticos ao risco de adquirir a infecção por T. cruzi.