Vulnerabilidade para transmissão vetorial de trypanosoma cruzi no Estado da Bahia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Ribeiro Jr, Gilmar
Orientador(a): Reis, Mitermayer Galväo dos
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/57458
Resumo: A doença de Chagas é um dos principais problemas de saúde pública em todo planeta, em especial, para a América Latina, com cerca de 70 milhões de pessoas sob risco de infecção e, aproximadamente, 5,7 milhões de indivíduos infectados por Trypanosoma cruzi em 2010. Apesar desse quadro, pouco se conhece sobre as áreas com vulnerabilidade para a transmissão vetorial da Chagas na Bahia, informação relevante e estratégica para orientar as ações de vigilância e combate ao agravo. O objetivo principal dessa pesquisa foi classificar os municípios da Bahia quanto ao grau de vulnerabilidade para doença de Chagas. Os objetivos alcançados estão apresentados na forma de quatro artigos científicos, três deles já publicados e um na forma de manuscrito: O primeiro artigo avalia os padrões alimentares e taxa de infecção por T. cruzi de triatomíneos capturados na Bahia entre 2012 e 2014 e mapeia a ocorrência de triatomíneos infectados, alimentados em humanos e animais domésticos. No segundo artigo, apresentamos o TriatoScore, um novo indicador para a classificação de triatomíneos e territórios geográficos. No terceiro, demonstramos as alterações espaço-temporais na distribuição e frequência dos principais triatomíneos sinantrópicos do Estado da Bahia em dois períodos (A:1957-1971 e B:2006-2019). No quarto, ainda na forma de manuscrito, utilizamos a Análise Multicritério de Decisão (AMD), levando em consideração indicadores entomológicos baseado no TriatoScore; socioeconômicos, percentual de imóveis na zona rural vivendo em situação de extrema pobreza; demográficos (densidade demográfica); e dados epidemiológicos: (a) dispensação de benzonidazol; (b) autorização de internação hospitalar; (c) óbitos por doença de Chagas; (d) doença de Chagas auto referido; (e) residência e naturalidade de pacientes detectados na triagem sorológica na Hemoba, para classificar os municípios mais vulneráveis para a doença de Chagas na Bahia. Na avaliação dos 5906 triatomíneos coletados na Bahia entre 2012 e 2014, identificamos 15 espécies de vetores de T. cruzi já descrita no Estado, presentes em 127 dos 417 municípios da Bahia. As análises moleculares de 695 triatomíneos revelaram 10% de infecção por T. cruzi, sendo essas taxas maiores nas espécies complexo T. brasiliensis. Constatamos que a maioria dos triatomíneos se alimentou de sangue de aves (74,2%), outras fontes alimentares foram cães (6%), gatos (0,5%) e humanos (1%), sendo observada a ocorrência de triatomíneos infectados com T. cruzi e alimentados com sangue humano foram detectados dentro das casas. A análise geoespacial revelou ampla distribuição de triatomíneos infectados por T. cruzi na Bahia, além disso, triatomíneos alimentados em cães, humanos e gatos foram observados principalmente na região Nordeste do Estado. No segundo artigo apresentamos o “TriatoScore”, um indicador entomológico que se baseia em informações sobre o comportamento ecológico e a biogeografia de distribuição de espécies de triatomíneos. Os índices mais elevados foram maiores em municípios dominados por ecorregiões secas a semiáridas, quando comparados a aqueles dominados por campos de savana ou, especialmente, ecorregiões de mata atlântica. (3) No terceiro artigo, realizamos uma análise comparativa dos dados entomológicos nas bases de dados disponíveis, tendo sido observado mudanças na distribuição espaço-temporal dos vetores no Estado. Das 26 espécies de triatomíneos já registradas no Estado, 18 foram encontradas no período A e 20 em B. P. megistus foi a espécie mais frequente nos municípios no período A (38%), enquanto no período B, foram T. sordida (38%) e T. pseudomaculata (35%). Destacamos que no período B a maioria dos triatomíneos (91%) foi capturada no peridomicílio. Dentro das casas, e as espécies com maior abundância relativa foram T. sordida (51%), T. brasiliensis (28%) e T. pseudomaculata (15%), enquanto no peridomicílio houve predomínio de T. sordida (86%). Observamos acentuada redução de T. infestans no período B, com último foco residual detectado em 2015 no município de Novo Horizonte. No quarto artigo, na forma de manuscrito, revelamos a existência de municípios com alta vulnerabilidade para doença de Chagas em quase todo o território da Bahia, com exceção do Sul do Estado, que foi classificado como de baixa vulnerabilidade. Ao estratificarmos os resultados por Mesorregião, as principais áreas vulneráveis estavam localizadas nas regiões Centro-Sul, Vale do São Francisco, Metropolitana de Salvador e em especial na Região Centro-Norte, que apresentou maior proporção de municípios considerados como de alta vulnerabilidade. Os municípios com alta vulnerabilidade apresentaram maior pobreza na zona rural, baixa densidade demográfica e maior frequência de espécies sinantrópicas epidemiologicamente relevantes. A associação da AMD e geoestatística auxiliou a identificarmos 80 municípios (19%) classificados como de alta vulnerabilidade para a doença de Chagas, apesar disso, o risco de transmissão de T. cruzi, em suas diferentes formas, continua presente em todo Estado.