"Sou melhor que a minha fama": a presença de Schiller em periódicos do Brasil dos oitocentos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Oliveira, Alynne Fonseca de
Orientador(a): Xavier, Wiebke Roben de Alencar
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DA LINGUAGEM
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/57488
Resumo: O presente trabalho objetiva analisar a presença de Friedrich Schiller na imprensa oitocentista brasileira, contribuindo para novos olhares nas áreas de Literatura Comparada, História da Imprensa e Estudos Germanísticos no Brasil. Os jornais assumiram, essencialmente no período oitocentista, um papel significante: além de informar, exerceram a função de formar novos leitores. O contexto social e histórico da época proporcionou um aumento significativo da circulação transatlântica de ideias e bens culturais, fazendo com que autores estrangeiros como Schiller, Goethe, Schlegel e muitos outros chegassem até os leitores brasileiros. Utilizando o acervo de dados da Hemeroteca Digital Brasileira (BNDigital) – Fundação Biblioteca Nacional, são investigadas as conjunturas e argumentos que envolvem a circulação, tradução e a construção imagética do autor alemão, representante do movimento Tempestade e Ímpeto e do Classicismo de Weimar. Destacamos os seguintes jornais: o Diário do Rio de Janeiro, o Jornal de Recife e o Publicador Maranhense, no intervalo que compreende de 1822 a 1890, para exemplificar as ocorrências de Schiller nos periódicos brasileiros de língua portuguesa na fase inicial da sua formação sociocultural e identitária. Schiller é introduzido no país, primeiramente, a partir de apresentações teatrais e, posteriormente, o seu nome figura entre as páginas dos jornais brasileiros. Entre os seus tradutores estão o poeta maranhense Antônio Gonçalves Dias, o professor gaúcho Bernardo Taveira Júnior, o pernambucano João Carlos de Souza Machado e o escritor sergipano Tobias Barreto. As publicações jornalísticas sobre Schiller demonstram uma heterogeneidade de estratégias de informação e divulgação do referido autor. Considerado referência na Alemanha, Schiller é incluído via dinâmicas de tradução e circulação de periódicos como parte de um cânone universal de homens e mulheres de letras que serviram como referência ou modelo no contexto de discursos nacionais. Entendemos a presença schilleriana como mosaico relevante na formação da memória cultural estrangeira da literatura brasileira. Tratamos o nosso corpus – as ocorrências jornalísticas que envolvem Schiller e as suas obras – por análises quantitativas e qualitativas. Para a análise quantitativa, apoiamo-nos no trabalho de Lima (2010) e, para a qualitativa, baseamo-nos no conceito teórico-metodológico de Transferências Culturais, de Michel Espagne (2017), somadas às pesquisas apresentadas na coletânea “Trânsitos, trocas e transferências culturais” de Xavier, Augusti e Mollier (2019), além do conceito de Antropofagia como procedimento cultural relativo ao estrangeiro, através dos estudos de Berman (2002), Schwarz (2006) e Bernd (2008). Para a abordagem socioeconômica, recorremos a Casanova (2002) e Bourdieu (2002). Utilizamos como referencial os periódicos brasileiros presentes na BNDigital, enfocando a presença de Schiller a partir da perspectiva transatlântica da história dos impressos aplicada nas coletâneas de Granja e Luca (2018), Poncioni; Levin (2018), Abreu (2016), Guimarães (2012) e Barbosa (2007). Destacamos, numa perspectiva transatlântica, o potencial ainda pouco explorado dos jornais históricos brasileiros e as suas contribuições para além da história da imprensa periódica.