Farmacocinética populacional e toxicidade do sulfato de magnésio na pré-eclampsia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Costa, Tatiana Xavier da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/28479
Resumo: Introdução: O sulfato de magnésio (MgSO4) é o medicamento de escolha para tratar as convulsões na pré-eclampsia (PE). Apesar do amplo uso, a faixa terapêutica varia de 2,0 - 3,5 mmol/L. Objetivos: Desenvolver um modelo farmacocinético populacional do MgSO4 na PE avaliando o impacto de covariáveis na sua farmacocinética e estimar a incidência de reações adversas (RAM) em gestantes de alto risco e respectivos fatores de risco. Métodos: Em uma coorte prospectiva de pacientes com PE incluídas entre junho de 2016 e fevereiro de 2018 em uso de MgSO4, foram obtidas concentrações séricas de magnésio de 109 pacientes antes da administração e após 2, 6, 12 e 18 horas da dose inicial. O tratamento consistiu em 4g pela via endovenosa de MgSO4 e infusão posterior de 1g/h por 24 horas. Os parâmetros farmacocinéticos populacionais do MgSO4 (clearance, volume de distribuição, tempo de meia vida) foram estimados utilizando o software Monolix® Suite 2018 (Lixoft®, Antony, França). Foi estabelecido um modelo farmacocinético incluindo covariáveis demográficas, clínicas e laboratoriais das pacientes. Para a identificação das RAM, 607 pacientes internadas na UTI foram avaliadas diariamente através de busca ativa por anamnese farmacêutica, pesquisa em registros médicos e questionamento da equipe de saúde. As suspeitas de RAM foram classificadas quanto a causalidade pelo algoritmo de Naranjo. A regressão logística foi utilizada para identificar fatores de risco de RAM. Consentimento informado por escrito foi obtido de todas as pacientes. Resultados: O modelo farmacocinético que melhor se ajustou os dados foi o de um compartimento com eliminação linear. O clearance populacional foi 1,38 L/h, o volume de distribuição 13,3 L e a concentração de magnésio no baseline foi de 0,77 mmol/L (1,87 mg/dL). As covariáveis peso e creatinina sérica apresentaram uma influência estatisticamente significativa nos valores de clearance e volume de distribuição do magnésio, respectivamente. Quanto ao perfil de RAM em pacientes de alto risco, observouse uma ou mais RAM em 27,2%, o medicamento mais implicado foi MgSO4 (25,2%), com 44,5% dos pacientes medicados com MgSO4 apresentando RAM, sendo as principais: sonolência (68.6%), reflexo patelar ausente (21.6%) e hipotensão (9,8%). Os fatores de risco relacionados a ocorrência de RAM foram pressão arterial (razão de chances ajustada (aOR) 1,02), nível de hemoglobina (aOR 1,21) e temperatura corporal (aOR 0,71). Conclusões: Concluiu-se que gestantes com PE e maior peso corporal apresentam maior volume de distribuição e, consequentemente, menor taxa de eliminação do MgSO4, enquanto as com níveis séricos elevados de creatinina têm menor clearance e, consequentemente, menor taxa de eliminação de MgSO4. As RAMs afetam cerca de um quarto das gestações de alto risco, principalmente devido a administração de MgSO4. Pressão arterial elevada, temperatura corporal mais baixa e a alta concentração de hemoglobina na admissão foram associadas a um aumento no risco de RAM.