Cabem múltiplas imagens na vastidão sertaneja: a repetição e a inovação na teledramaturgia sobre o sertão nordestino da supersérie Onde Nascem os Fortes (2018)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Martins, João Pedro Ramalho
Orientador(a): Gomes, Marcelo Bolshaw
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DA MÍDIA
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/55649
Resumo: O sertão nordestino consolidou-se como um espaço recorrente nas produções audiovisuais brasileiras, sendo frequentemente associado a elementos como a seca, a violência e a persistência da tradição (Albuquerque Júnior, 2011). E a televisão nacional, cujo principal produto ficcional é a telenovela, também seguiu essa tendência, especialmente por sua preocupação em tematizar o Brasil e criar uma narrativa da nação (Hamburger, 2005; Lopes, 2003). Esta pesquisa, assim, partiu da compreensão das matrizes que constituem a criação ficcional televisiva nacional (Balogh, 2002; Martín-Barbero, 1997; Pallottini, 2012), bem como das imagens de sertão construídas na cultura e no audiovisual brasileiros (Cristóvão, 1994; Menezes, 2018; Moreira, 2018), para investigar de que forma as práticas produtivas televisivas abordam esse espaço sob a dialética entre a repetição e a inovação (Calabrese, 1987; Rossetti, 2013). O objeto empírico escolhido foi a obra de ficção seriada Onde Nascem os Fortes (TV Globo, 2018), que ambientou sua história em um espaço apresentado como sertanejo. Objetivou-se identificar de que forma o sertão nordestino elaborado na produção reflete possíveis articulações entre as imagens tradicionais desse espaço e construções associadas à novidade, com o foco nos indicadores culturais de lugar, personagens e temas. Além disso, investigaram-se os reflexos, na construção desse mundo, das decisões produtivas relacionadas à conformação da obra enquanto uma supersérie, formato ficcional situado no cruzamento entre as telenovelas, séries e minisséries (Lopes; Orozco Gómez, 2016). O percurso investigativo adotado integrou as proposições de Calabrese (1987) e Jost (2007), preocupadas com os aspectos de produção e exibição da obra, à Análise da Materialidade do Audiovisual (Coutinho, 2016), a qual ofereceu procedimentos para o exame detalhado de seis dentre seus 53 capítulos. Ao final, foi possível reconhecer, na produção da TV Globo, a conformação de um sertão polissêmico, que abarca lugares, personagens e temáticas de características variadas, muitas delas antagônicas entre si. Esse universo foi construído a partir da repetição de elementos tradicionalmente associados a ele, herdados do arcabouço semântico compartilhado na cultura nacional, mas que foram atualizados em suas qualidades e reorganizados entre si, produzindo novos sentidos e denotando uma prática de inovação qualitativa. Vale ressaltar, por fim, que a busca por produzir Onde Nascem os Fortes como uma supersérie permitiu a elaboração de um sertão coeso, imersivo, de cenários com função dramática amplificada, personagens complexas e narrativa densa.