Filme acessível: a audiodescrição como a recriação de uma imagem em palavra

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Garcia, D'aville Henrique Viana
Orientador(a): Oliveira, Maria Bernadete Fernandes de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DA LINGUAGEM
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/28223
Resumo: A audiodescrição é um gênero discursivo que consiste na tradução intersemiótica de imagens, ou seja, de um sistema de signos para outro, a fim de garantir a autonomia de pessoas com deficiência visual no processo de inclusão no mundo da vida e da cultura (ALVES, 2012, 2014; ALVES; TELES; PEREIRA, 2011, 2017; MOTTA; ROMEU FILHO, 2010). Dessa forma, este estudo, de cunho qualitativo-interpretativista, vinculado à Linguística Aplicada (IN)disciplinar (MOITA LOPES, 2006), compreende a audiodescrição de filmes como um recurso de acessibilidade para pessoas com deficiência visual, produzido por meio de signos verbais que se apoiam e se subordinam tematicamente a signos imagéticos. A pesquisa toma como objetos empíricos um roteiro de audiodescrição de um filme e duas revisões desse material, produzidos por três grupos de audiodescritores: roteiristas, revisores e, por fim, consultores. O objetivo é investigar as maneiras de apropriação e transmissão da voz alheia, na tradução intersemiótica de um vídeo para a linguagem verbal, por meio de um processo de audiodescrição, capaz de promover, na perspectiva da autonomia responsiva da pessoa com deficiência visual, seu acesso a recursos videográficos. Para tanto, será necessário compreender o processo de apropriação do tema/sentido predominante no material audiovisual pelos roteiristas e sua tradução em seus enunciados verbais; bem como comparar os posicionamentos dos audiodescritores videntes – tanto roteiristas como revisores – com o posicionamento dos consultores, materializados nos enunciados concretos. Dessa maneira, tem seu aporte em teóricos da semiótica da cultura, mais especificamente Bakhtin (2010a, 2010b, 2011, 2013, 2015a, 2015b, 2016), Medviédev (2012) e Volóchinov (2013a, 2013b, 2013c, 2017), principais representantes da Análise Dialógica do Discurso, para entender como se dá o processo de apropriação e transmissão do enunciado alheio. Além disso, busca suporte no filmólogo Eisenstein (2002a, 2002b), defendendo a noção de filme como um produto artístico construído dialogicamente, como uma manifestação das relações de interação entre sujeitos e, portanto, atravessadas por valores e posicionamentos ideológicos. Nesse sentido, lança mão da noção de sentido que o filme transmite, de valoração social e de olhar exotópico e das formas de transmissão da temática, por meio de recursos linguístico-discursivos, para pessoas com deficiência visual. Os resultados mostram que a audiodescrição explora a sensibilidade do olhar e a criatividade discursiva dos audiodescritores, uma vez que o processo de roteirização, revisão e consultoria se dá, majoritariamente, pela estilização do discurso alheio; ainda que sejam percebidas as vozes autoritárias, a polêmica velada e aberta, bem como outros tipos de relações dialógicas. Isso permite construir um enunciado que recrie em palavra a imagem, não apenas o traduza de maneira formal.