Diferenças sexuais no comportamento de ratos submetidos ao modelo do estresse crônico moderado

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Fernandes, Isabella Maria de Oliveira Pontes
Orientador(a): Engelberth, Rovena Clara Galvão Januário
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOBIOLOGIA
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/28480
Resumo: O estresse é caracterizado por alterações psicofisiológicas desencadeadas por pressões externas e internas. Estudos apontam para diferentes estratégias de enfrentamento ao estresse e dados da Organização Mundial de Saúde mostram que a incidência de depressão e a resposta ao tratamento com antidepressivos são diferentes entre homens e mulheres e que esta diferença está relacionada com a variação hormonal que ocorre em fêmeas. Além disso, as alterações cognitivas promovidas pelo estresse e a resposta ao tratamento variam entre machos e fêmeas, principalmente memórias com contexto emocional que, já se sabe, recebem influência direta de hormônios sexuais, e ainda estão relacionadas com o mecanismo de ação dos principais antidepressivos utilizados na clínica. O objetivo deste trabalho foi avaliar efeitos do modelo do estresse crônico moderado (CMS) em ratos Wistar machos (M) e fêmeas (F) para investigar possíveis alterações comportamentais relacionadas com a depressão e a memória de medo, além da resposta ao tratamento com fluoxetina (FLX). Foram realizados 2 experimentos pilotos para avaliar o tempo necessário para que os animais apresentassem comportamento tipo depressivo e o momento ideal para o início do tratamento. Após isso, os animais foram submetidos à 35 dias de CMS e tratados nos últimos 15 dias com FLX ou veículo (VEI). Os animais foram submetidos ao teste do nado forçado (FST), splash test (ST) e campo aberto (CA), antes e após o tratamento, e ao condicionamento de medo ao contexto (CFC) no final do protocolo. F foram separadas por fases do ciclo estral com altos (proestro e estro – P/E) e baixos (metaestro e diestro – M/D) níveis hormonais. Nossos dados demonstram que antes do tratamento com FLX (TTT) apenas os M-CMS apresentaram comportamento do tipo-depressivo representado pelo aumento do tempo de imobilidade no FST comparados aos M-control (CTR), mas não após o TTT, possivelmente devido ao prejuízo na retenção da memória de imobilidade. Após TTT, F-CMS apresentaram aumento no tempo de escalada, independente da FLX, e P/E-CTR apresentou redução do tempo de imobilidade e aumento no tempo ativo quando comparado com M/D-CTR, sugerindo que o estrógeno pode ter efeito protetor antidepressivo. Além disso, CMS-FLX apresentou redução do tempo de imobilidade e aumento do tempo ativo comparado com M/D-CTR-FLX, mas sem diferenças em relação ao P/ECTR-FLX e CMS-VEI. No ST, antes do TTT apenas os M-CMS apresentaram aumento no tempo de catação em relação aos M-CTR e após TTT M-CMS-VEI apresentaram aumento na catação em relação aos M-CTR-VEI e F-CTR-FLX apresentaram redução de catação em relação às F-CMS-FLX, apresentando resultados contraditórios à literatura. Os animais de ambos os sexos não apresentaram diferenças quanto à atividade locomotora no CA, reforçando que os efeitos observados nos outros testes não estão relacionados a alterações motoras. P/E-CTR explorou mais o centro do campo comparado à P/E-CMS, sugerindo um efeito ansiolítico, possivelmente mediado pelo estrógeno. No CFC apenas M-CMS apresentaram redução no tempo de congelamento quando comparados aos MCTR, independente do TTT, sugerindo prejuízo na memória de medo causada pelo CMS apenas em machos. Estes dados demonstram diferenças sexuais no CMS em resposta ao FST e CFC. Machos parecem mais vulneráveis ao CMS apresentando comportamentos do tipo depressivo mais cedo, além de apresentarem prejuízo na memória de medo, enquanto as fêmeas apresentam comportamento do tipo depressivo em fases do ciclo estral com baixos níveis de estrógeno (M/D) e os níveis elevados de estrógeno (P/E) parecem exercer efeito protetor nas fêmeas no comportamento tipo depressivo e ansioso após estresse crônico, mas sem impacto na memória de medo.