"A seiva de nossa terra": representações do sertão e do sertanejo a partir da trajetória política de José Bernardo de Medeiros, Rio Grande do Norte (1880-1988)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Freire, Dikson de Almeida
Orientador(a): Fernandes, Paula Rejane
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA DOS SERTÕES
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/54324
Resumo: Nesta dissertação investigamos como a trajetória política do sertanejo José Bernardo de Medeiros foi apropriada de modo a gerar representações a seu respeito, configurando um lugar de destaque para si, na história política do Rio Grande do Norte, e legitimando os grupos políticos que se consideravam seus herdeiros. Enquanto esteve vivo, os embates políticos no final do período imperial traziam representações sobre José Bernardo nas páginas de jornais do Rio Grande do Norte. Após seu falecimento, em 1907, correligionários, parentes e memorialistas se apropriaram de sua trajetória política e construíram uma memória sobre José Bernardo tomando por base elementos do espaço onde ele atuou (sertões do Seridó) e característica pessoais (honestidade, dedicação, humildade) que o transformavam numa espécie de modelo, ou exemplo a ser seguido. Para que seja possível compreender a construção dessas representações tomamos por base a História Cultural pensada por Roger Chartier, a partir do esquema conceitual de representação, apropriação e circulação, pois nos permite lançar reflexões de como sua atuação política foi apropriada. A respeito da memória construída a partir dessas representações, tomamos como referência os estudos sobre a relação entre memória e história promovidos pelo filósofo Paul Ricoeur e os historiadores Enzo Traverso e Fernando Catroga. As fontes utilizadas em nossa pesquisa foram: o jornal O Povo (1889-1892); a Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, IHGRN de 1907; os livros: Caicó: subsídios para a história completa do município, (Monteiro:1945); Seridó (Medeiros: 1954); Caicó cem anos atrás (Medeiros Filho: 1988). Por fim, analisando as principais representações construídas sobre sua trajetória política, tanto enquanto esteve vivo, como após o seu falecimento, pudemos perceber como houve uma seleção de fatos, eventos, e posições que construíram para José Bernardo um papel de guia do povo seridoense. Uma referência a ser seguida. Sem abandonar representações típicas do sertão, bastante pejorativas, associando-o a elementos geográficos do semiárido, como as estiagens, a pobreza, a fome, a miséria, os seridoenses são também representados como valentes, aguerridos, honestos, insubmissos e resistentes. José Bernardo, colocado como líder desse povo, também compactuava com dessas mesmas características positivas. Era o expoente máximo daquela terra, portanto representava todos esses valores.